Dilemas da Energia: Hidrogênio
2005-03-04
Muito se tem dito e escrito sobre o uso desse gás em células de combustível para substituir os combustíveis com base no petróleo. É verdade que sua combustão não emite gás carbônico, apenas vapor d água. Mas freqüentemente se esquece de dizer que o hidrogênio não é fonte de energia.
Não há hidrogênio livre neste planeta. Ou o gás é produto da eletrólise da água por energia elétrica – ou seja, é apenas uma forma de empacotar eletricidade produzida por outras fontes – ou, como geralmente acontece hoje, é obtido da decomposição do metano do gás natural, processo que gera grandes quantidades de gás carbônico como co-produto.
Em outras palavras, usar hidrogênio em vez de gasolina pode melhorar a qualidade do ar das metrópoles, mas não refresca o planeta – a menos que a fonte de energia usada para produzi-lo seja totalmente renovável. Caso se use combustível fóssil, a geração de gás carbônico é simplesmente deslocada para outro lugar. Talvez o hidrogênio venha a ser um dos principais combustíveis do futuro, mas certamente não é a energia do futuro.
Uma fonte óbvia e barata de energia é, naturalmente, toda aquela que é desperdiçada ou consumida sem necessidade. Viu-se no Brasil como uma crise temporária de abastecimento pode levar milhões de consumidores e industriais a descobrir rapidamente formas de poupar energia.
Soluções arquitetônicas racionais poupariam muito da energia usada para iluminar e refrigerar prédios de escritórios mal planejados. Em países frios, um isolamento térmico melhor pode reduzir o consumo médio de energia para calefação em 60% a 75%. Substituir peruas esportivas pesadas e volumosas por carros compactos ou, melhor ainda, por transporte coletivo reduziria consideravelmente as emissões de gás carbônico. (Carta Capital º 331)