Angra: Resíduos são perigosamente radioativos por 10 mil anos
2005-03-04
São 10,5 mil toneladas anuais de lixo radioativo hoje, com a energia nuclear representando 6% da energia mundial. Seriam mais de 150 mil toneladas/ano se a energia nuclear substituísse os combustíveis fósseis hoje utilizados e mais de 1 milhão de toneladas/ano se o consumo per capita global de energia chegar a patamares estadunidenses – sem contar o aço e concreto contaminados nas futuras usinas desativadas. Acidentes continuam a acontecer e o risco de atentados terroristas a usinas e depósitos de resíduos radioativos é mais presente do que nunca.
Para esses ambientalistas, o uso da energia nuclear em grande escala exige um grau de segurança e segredo que não só a torna antieconômica, como é incompatível com a democracia. Lovelock responde (no jornal The Independent, 24 de maio de 2004) que os lobbies verdes, que deviam dar prioridade ao aquecimento global, parecem mais preocupados com ameaças às pessoas do que com ameaças à Terra, sem notar que somos parte dela.
Em tese, os problemas das usinas baseadas na fissão de urânio e plutônio seriam resolvidos pela tecnologia da fusão nuclear, que converteria hidrogênio, deutério ou lítio no inofensivo gás hélio. Esse processo, porém, continua a ser um sonho: ainda não se consegue sustentá-lo mais do que uma fração de segundo, durante a qual consome tanta energia quanto gera. Em 2004, os EUA concordaram em apoiar o esforço internacional para construir o reator de pesquisa Iter, que custará mais de US$ 10 bilhões, mas França e Japão continuam a disputar o direito de abrigar a experiência, que pode apontar ou não para uma solução. (Carta Capital º 331)