Painéis solares poluem muito menos, mas exigem investimento
2005-03-04
Custo, investimento e manutenção incluídos são da ordem de US$ 0,20 por quilowatt-hora para fins industriais e US$ 0,37 para fins residenciais. Está 60 vezes mais barata que há 20 anos, mas ainda quatro ou cinco vezes mais cara do que a energia termoelétrica. Entretanto, um estudo da KPMG mostrou, em 1999, que se painéis solares fossem produzidos em massa, por uma fábrica com capacidade para 5 milhões de unidades por ano, o custo cairia 75% e eles se tornariam imediatamente competitivos.
Em clima tropical, sua eficiência é maior: a irradiação solar mantém-se todo o ano em um patamar semelhante ao verão europeu e permite gerar, em média, 50% mais energia. A Alemanha tem, hoje, perto de Leipzig, a maior central de energia solar do mundo. Construída sobre uma área contaminada de 20 hectares, gera energia suficiente para 1,8 mil residências, cujo consumo, de outra forma, poderia liberar 3,7 mil toneladas de gás carbônico por ano.
Uma objeção freqüente é que, embora a operação dos painéis solares seja limpa, sua produção consome energia e polui. Painéis solares são células fotovoltaicas de silício puro com estruturas de alumínio – dois materiais cuja produção consome muita energia e gera poluição: o Vale do Silício, na Califórnia, já está contaminado por solventes clorados usados para limpar produtos e maquinário, o que elevou significativamente o risco de câncer e defeitos congênitos.
Felizmente, a fabricação de células solares desperdiça muito menos material e energia do que a de microchips. Seu balanço energético, no final das contas, é positivo: hoje, um painel solar, com vida útil de 30 anos, gera a energia necessária para fabricá-lo em menos de quatro anos. Novas tecnologias poderiam reduzir esse prazo a pouco mais de um ano e, a longo prazo, a reciclagem poderá reduzi-lo ainda mais.
Permanece a ressalva de que a energia solar não é infinita e captar energia do Sol é concorrer com a natureza em seu próprio negócio. Hoje, os painéis solares ocupam áreas pouco significativas e pouco úteis (como telhados), mas substituir uma parte importante da energia hoje gerada pelo petróleo significa ocupar áreas extensas com painéis solares e inutilizá-las para a agricultura ou para a preservação ambiental.
É bom lembrar que a indústria da energia fóssil (incluindo poços de petróleo, minas de carvão, oleodutos, refinarias, centrais termoelétricas, áreas contaminadas etc.) já inutiliza áreas extensas. Mas a objeção não é absurda: com o atual padrão de eficiência, a Alemanha precisaria de 27 mil quilômetros quadrados de centrais solares para substituir o seu consumo de combustíveis fósseis, o que equivale a 20% de sua terra arável. Os EUA precisariam de 300 mil quilômetros quadrados, 3% de seu território. (Carta Capital nº 331)