Reservas ambientais começam a se recuperar da estiagem
2005-03-03
Embora as chuvas das últimas semanas não tenham conseguido acabar com a estiagem que assola o estado desde dezembro, ao menos amenizaram o impacto nos dois maiores santuários ecológicos da região: o Parque Nacional da Lagoa do Peixe e a Estação Ecológica do Taim. A situação faz com que os técnicos responsáveis pelas duas áreas afastem os riscos de um desastre ambiental causado pela seca e se declarem otimistas com relação à recuperação natural dos ecossistemas. Na Estação Ecológica do Taim, em Rio Grande, os técnicos do Ibama têm voltado suas atenções para o monitoramento de situações de risco como os incêndios, porém descartam problemas ambientais causados pela estiagem prolongada. O chefe substituto da unidade, Hamilton Fernando Souza defende que a falta de chuva revitaliza a região de banhados ao equilibrar as espécies que vivem na área. - Espécies prejudicadas pelos três anos anteriores, que foram de cheias se recuperarem, ao mesmo tempo que as espécies beneficiadas por aquele ciclo sofrem um controle natural da população - explicou.
A estiagem também ajudou a resolver um antigo problema da estação: a mortandade de animais sobre a pista da rodovia BR-471. Com a seca os túneis existentes sob a estrada, que durante os períodos de cheia permaneciam inacessíveis, passaram a ser utilizados pelos animais, com isso os atropelamentos de ratões e capivaras deixaram de ocorrer. No Parque Nacional da Lagoa do Peixe, no município de Mostardas, a chuva e os ventos das últimas semanas ajudaram a recuperar as partes mais atingidas da lagoa. - Com a ajuda do vento a água do mar conseguiu superar as dunas que impediam seu avanço para a lagoa, o que aumentou o nível de água e melhorou significativamente a situação - revelou o técnico ambiental do parque Alexandre Lemos.
A avaliação dos técnicos é de que a partir dessa recuperação o ciclo migratório das 26 espécies de aves do hemisfério norte que costumam passar pelo parque a partir deste mês não será afetado. A prova disso, segundo Lemos é que bandos de maçaricos já foram avistados no parque nas últimas semanas. - Hoje a quantidade de água está longe do ideal, mas a consideramos razoável para manter a vida na lagoa e servir de base para a recuperação do ecossistema - avaliou. (Diário Popular, 02/03)