HOSPITAL SÃO LUCAS ARMAZENA RESÍDUOS ORGÂNICOS JUNTO COM CONTAMINADOS
2001-08-31
O Hospital São Lucas da PUC, em Porto Alegre, não separa os resíduos orgânicos dos contaminados. A revelação foi dada pelo próprio hospital que admitiu ainda não separar para o recolhimento do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), seus resíduos contaminados dos orgânicos. De acordo com Daniela Branco, membro da comissão instaurada para tratar da questão, o hospital está em trâmites com o DMLU para ver como será feita essa separação. Geraldo Reichert, diretor da Divisão de Destino Final do DMLU, afirma desconhecer o fato do hospital ainda estar misturando seus resíduos contaminados com os orgânicos, já que os resíduos de classe B (químicos) tem por lei, que serem devolvidos aos fabricantes, não podendo ser recolhidos junto com os de origem orgânica. Daniela explica que, os resíduos do hospital são levados para dois contêineres localizados no pátio do hospital, um para o lixo seco, outro com compactador para orgânicos e contaminados. Os resíduos orgânicos e contaminados são recolhidos pelo DMLU, três vezes por semana, já o lixo seco, é levado por uma empresa terceirizada que o recolhe diariamente, o que, segundo Daniela, o DMLU não teria condições de fazer, uma vez que a instituição gera cerca de 5 toneladas diárias de lixo geral. Para Reichert, essa foi uma escolha normal, já que não é obrigação do Departamento, fazer o recolhimento em hospitais. O material utilizado na medicina nuclear, de classe C, depois de tratado e inativo, também é encaminhado para o contêiner dos orgânicos e contaminados. Sobre devolver material utilizado para fabricantes, Daniela é taxativa em dizer que, em muitas ocasiões e em vários outros hospitais do Estado, a devolução é impossível, já que os fabricantes recusam-se a recebê-los. De acordo com o órgão ambiental do Estado, não há legislação estadual específica quanto ao fim dado aos medicamentos vencidos. O recomendado é que seja retornado ao fabricante. Outro problema detectado pelo São Lucas é a não adesão da equipe médica na segregação dos resíduos. - Sendo quase 2000 funcionários, periodicamente fazemos treinamento em pequenos grupos durante um período e conseguimos com isso um percentual de 70% de adequação, constatado na última verificação no final do ano passado. Com o plano de qualidade que implantamos, queremos aumentar para 90%, almeja Daniela. Os 30% restates, Daniela credita à equipe médica e aos familiares dos pacientes. - É simplesmente muito errado. Simplesmente jogam fora, é uma questão de cultura, de hábito e de berço. Se não fazem em casa, fora dela, é que não vão fazer, define. Apesar de reclamar da falta de hábito dos médicos, Daniela admite que ainda não foi possível realizar um treinamento com eles, dado os horários incompatíveis, já que muitos trabalham em dois ou três lugares. - Treinamento não tivemos ainda com eles, estamos pensando em fazer em março. A dificuldade de encaixar os horários, é um empecilho, mas mesmo assim, acredito que não teremos uma adesão muito grande.