Exército ocupa três cidades do Pará
2005-03-02
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Armando Félix, chegou ontem ao Pará para uma visita a Belém e Altamira. O objetivo da viagem do ministro é conferir as medidas adotadas pelo governo após a onda de violência que começou com o assassinato da missionária Dorothy Stang, morta por pistoleiros em Anapu no dia 12 de fevereiro. Ontem, faixas de protesto contra medidas do governo coibindo o corte ilegal de madeira foram espalhadas no acesso ao aeroporto de Altamira. As mensagens criticam especialmente a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e a organização não-governamental Greenpeace. Enquanto isso, cerca de 200 homens do Exército ocuparam mais três cidades do Sudeste do Pará: Rondon do Pará, Bom Jesus do Tocantins e Abel Figueiredo, perto da fronteira com o Maranhão.
Os pistoleiros Rayfran Sales e Clodoaldo Batista, acusados pela morte da missionária Dorothy Stang, confirmaram ontem à Polícia Civil do Pará que o prefeito de Anapu, Luiz dos Reis Carvalho, seria amigo do fazendeiro Vitalmiro Matos de Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do crime. - Bida deu vários bois para o prefeito fazer a festa da posse, disse Clodoaldo. Os pistoleiros contaram que Bida teria citado Reis como um dos participantes da coleta de R$ 100 mil para o pagamento de advogados de defesa dos dois executores do crime, caso fossem presos. A versão é a mesma dada à comissão externa do Senado.
Em depoimento à Polícia Civil de Altamira, ontem, o prefeito de Anapu, Luiz dos Reis Carvalho, negou qualquer envolvimento na morte da missionária. Carvalho afirmou não ter recebido qualquer ajuda financeira ou material durante a última campanha eleitoral e rebateu também a acusação de que seria amigo do suposto mandante do crime. O prefeito disponibilizou à Polícia os sigilos bancário, fiscal, telefônico e a prestação de contas das despesas da campanha eleitoral. (CP, 18)