Governador diz que expansão do agronegócio no Pará preocupa
2005-03-01
O governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), disse, em entrevista à Folha, que a expansão do agronegócio no Estado deve ser tratada com cuidado. – É um novo momento. Mas isso exige, mais do que nunca, um cuidado especial, afirmou o governador, para quem – a corrida dos anos 70 era mais marcada pelo uso da terra como ativo, e a busca pela terra hoje está mais associada à produção. Então é óbvio que o impacto sobre a natureza é muito maior.
Entre 2001 e 2003, houve uma expansão de 503% no agronegócio no Estado, segundo a Embrapa. A produção de soja passou de 7,3 toneladas para 44,2. Em, área cultivada, passou de 2,9 hectares para 15,5. De acordo com o governador, nestes dois anos de governo ele não emitiu nenhum título de posse para grandes áreas.
Essa expansão do agronegócio no Pará também causa preocupação na Embrapa. No seminário O agronegócio de grãos no Pará, realizado em Belém em 2003, técnicos alertavam que com o aumento dos investimentos em infra-estrutura e a conseqüente valorização das terras, é conveniente uma ação energética dos órgãos públicos ligados à proteção ambiental para coibir o avanço sobre áreas protegidas e nichos ecológicos específicos.
Jatene evita admitir eventuais falhas dos governos estadual e federal na morte da missionária Dorothy Stang e disse que só quem ganha com essa discussão são os bandidos. Ele afirma que todos que têm pedido proteção policial têm obtido, embora entidades de defesa dos direitos humanos digam o contrário. Atualmente, apenas uma sindicalista ameaçada de morte tem proteção policial no Estado, segundo a Comissão Pastoral da Terra.
Jatene acredita que só a união de forças entre o Estado e o governo federal será capaz de pôr fim aos conflitos e refutou a afirmação de que o Pará é um Estado sem lei. – O Rio de Janeiro é um Estado sem lei?, questiona, lembrando das guerras entre traficantes. Para o governador, o macrozoneamento ecológico econômico, que irá disciplinar e classificar o uso das terras, é o instrumento capaz de reduzir a violência no Estado. (FSP 28/2)