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2005-02-28
Pelo menos 80 hectares de uma área de pesquisas da Fundação Estadual de Pesquisa Ambiental (Fepagro), em Santa Maria, foi destruída por uma queimada no fim de semana. O fogo, que pode ter sido causado por vandalismo, reduziu a pó árvores de pinus, eucalipto, ipê e araucária plantadas há vários anos.

O local atingido pertence ao Centro de Pesquisas de Recursos Florestais da Fepagro. A área, no distrito de Boca do Monte, é a segunda maior reserva da fundação no Estado. O fogo começou às 13h30min de sábado, e foi controlado apenas no fim da tarde de ontem, depois de 30 horas de incêndio. Os bombeiros não descartam a hipótese de as chamas terem sido provocadas intencionalmente.

– Havia vários focos de incêndio na mata. Mesmo com o vento se movimentando numa só direção, os focos apareciam em outras partes, na direção contrária. Pode ter sido maldade de alguém, disse o sargento Leles Parode, do Comando da Guarnição do Parque Pinheiro Machado.

Moradores próximos do centro de pesquisas confirmam as suspeitas dos bombeiros. Conforme um morador, que preferiu não se identificar, há poucos dias terras de uma chácara nas proximidades teriam sido incendiadas por estranhos.

No sábado à tarde, a queimada em Boca do Monte se espalhou rapidamente. As plantas secas por causa da estiagem, além do vento, colaboraram para aumentar as proporções do fogo. Enquanto o incêndio se alastrava, homens em três carros do Corpo de Bombeiros tentavam conter as chamas. No fim da tarde do mesmo dia, cerca de 20 hectares já haviam sido destruídos. Durante a noite, o fogo aumentou, e cerca de 20 homens foram deslocados para ajudar.

Árvores eram fonte de estudo
Até a noite de ontem não era possível precisar o tamanho da área atingida. O vice-diretor da Fepagro em Santa Maria, Alberto Trevisan, calcula que pelo menos 80 hectares foram destruídos. Já o funcionário da fundação Plínio da Cruz Jaques, que trabalha e mora no local há 40 anos, acredita que 150 hectares, o que equivale a 150 campos de futebol, foram devastados pelas chamas, o que representaria um terço da área do centro, de 542 hectares. – Fica difícil mapear e dar a dimensão sem ver a área de cima. Além de árvores, muita vegetação rasteira também pegou fogo.
As árvores destruídas integravam pesquisas de reflorestamento. As plantas eram cultivadas pela Fepagro.

Impacto ambiental e financeiro
Segundo o engenheiro da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), José Antônio Mallmann, o incêndio que devastou pelo menos 80 hectares da Fepagro traz impactos não só ambientais, como também econômicos. – É uma área grande. Levará bastante tempo para ser recuperada, afirma. Até o final da tarde de ontem, Mallmann não havia sido comunicado da queimada em Boca do Monte. Segundo o engenheiro, um incêndio desse porte destrói a primeira camada abaixo do solo, formada por microorganismos responsáveis por arejar a terra, como minhocas, besouros, entre outros. – Isso traz um enorme prejuízo porque mata todos esses microorganismos, dificultando a recuperação do solo. A aplicação de adubo orgânico na área pode ajudar nessa recuperação, explica. (ZH,25 / O Sul,4)

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