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2005-02-28
Os estados da Bahia, de Pernambuco e do Piauí, além do Planalto Central e, por último, as regiões Sudeste e Sul são, nessa ordem, as áreas mais apropriadas para aproveitamento da energia solar no Brasil. Os dados foram levantados pelo Projeto Swera (Solar and Wind Energy Resouce Assessment). Financiado pelo Programa do Meio Ambiente das Organizações das Nações Unidas (UNEP-ONU), o projeto, realizado desde 2001 por pesquisadores brasileiros, consiste num mapeamento detalhado do potencial de energia solar e eólica no país. O trabalho servirá de base para planejar investimentos e traçar políticas públicas de aproveitamento de energias renováveis.

— No dia menos ensolarado e mais nublado do ano, a incidência de radiação solar é de 3,6 quilowatts-hora (kWh) por metro quadrado por dia no Rio de Janeiro e de 4,5 kWh no Ceará. Na Alemanha, onde essa energia é mais usada, (a incidência) é de apenas 0,8 kWh por metro quadrado diariamente — afirma Stefan Krauter, presidente para a América Latina do Conselho Mundial de Energias Renováveis (World Council for Revewable Energy). Segundo Krauter, a capacidade de geração de energia proveniente de fonte solar em um ano é 14 mil vezes maior do que o consumo energético mundial no mesmo período. Atualmente, o principal entrave ao desenvolvimento dessa fonte de energia é o alto preço da tecnologia utilizada.

Para Martin Green, da Universidade de New South Wales (UNSW), da Austrália, essa desvantagem só poderá ser superada com o tempo, pois a indústria ainda precisa se desenvolver. — A energia a carvão também era muito cara nos primeiros 50 anos de uso. Depois de décadas, se tornou barata — explica o acadêmico. Green acredita que, com o amadurecimento da indústria, a energia solar pode chegar aos mesmos patamares de utilização dos combustíveis fósseis. — Se usarmos mais o modelo fotovoltaico, vamos impulsionar a indústria e, com isso, conseguir preços mais baixos — diz.

De acordo com o especialista, o mercado conseguiu recentemente desenvolver um processo mais barato de geração de eletricidade a partir da energia solar que combina as fibras ótica e de vidro num material conhecido como filme fino. Pelas estimativas de Green, a energia solar responderá por 1% de toda eletricidade mundial em 2020, alcançando 10% em 2030 e 25% em 2040. No caso da energia eólica, o Projeto Swera mostra que a área nobre para exploração desse tipo de fonte no Brasil é o litoral do Nordeste, onde a intensidade e direção do vento são constantes. O norte da Bahia e de Minas Gerais, assim como o oeste de Pernambuco, o estado de Roraima e o Sul do país também são regiões propícias para a geração de energia a partir dos ventos.

Para desenvolver as fontes renováveis, Stefan Krauter, que também é professor e pesquisador da Universidade Estadual do Ceará (UECE), defende a criação de uma universidade internacional para estudo desse tipo de energia com apoio da Unesco. — O Nordeste do Brasil, em especial a cidade de Olinda, em Pernambuco, assim como o centro do Rio de Janeiro, são alguns dos locais mais indicados para a instalação desse centro de ensino — acredita. De acordo com Krauter, hoje, a indústria envolvida com fontes alternativas de energia cresce em média 20% ao ano e emprega cerca de 400 mil pessoas no mundo.

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