Japão mostra o valor de seus muros de contenção contra cheias
2005-02-28
Os muros de contenção contra cheias que se estendem por nove milhas de uma pequena ilha de 52 milhas de perímetro, em direção a Okushiri, no Japão, incluindo quase toda a costa não habitada do Leste tem 38 pés de altura, protegem muitas casas da invasão por águas do mar no Norte do Japão. Eles podem ser avistados de cima, e, recentemente, tem sido levantados questionamentos sobre sua efetividade no caso do tsunami que atingiu o Sudeste da Ásia. De fato, um tsunami já aconteceu em Okushiri, em 1993, quando 4% da população da pequena ilha foram atingidos, danificando ou destruindo completamente um terço de suas casas. Desde então, novas tecnologias foram implantadas para prevenir tal tipo de catástrofe.
Em um país que deu ao mundo a palavra tsunami e, diz-se, desenvolveu a mais avançada tecnologia contra terremotos, esta ilha, de 3,7 mil pessoas, é, pelo menos teoricamente, um dos lugares melhor preparados para lidar com tremores de terra. O Japão gastou US$1,3 bilhão para reconstruir esta pequena ilha que tem três postos de Correios e uma escola secundária. E o governo japonês doou US$ 500 milhões, recentemente, para os países assolados pelo tsunami no Sudeste da Ásia.
Em caso de um terremoto moderado, uma rede de sensores automaticamente dispara um alarme em cada casa da ilha, e quatro portões flutuantes irão se fechar para prevenir as ondas de subirem para a terra. Os residentes poderão fugir por qualquer uma das 22 rotas de fuga iluminadas por sinais, com uso de eletricidade solar. No porto, trabalhadores poderão correr para plataformas de 50 mil pés quadrados e 20 pés de altura. –Se tais plataformas tivessem sido construídas lá, a Indonésia e outros países atingidos pelo tsunami teriam tido menos mortos, observa Toru Ganbara, prefeito de Okushiri.
No entanto, têm sido levantadas críticas até mesmo à efetividade de sistemas de proteção contra ondas gigantes como os do Japão. Alguns críticos dizem que o governo tem gastado muito com estes sistemas, e tais investimentos teriam chegado ao auge em 1998. –Não importa quão alto construamos nossos muros, sempre haverá uma onda maior, diz Takehiko Yamamura, diretor do Instituto do Sistema de Prevenção de Desastres de Tóquio. –Mesmo os muros de contenção podem, de alguma forma, tornarem-se amenos perto de um tsunami. Estes sistemas de proteção enfraquecem com o tempo, e nós não podemos construir muros por toda a costa do Japão, critica. (NY Times, 26/2)