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2005-02-25
O primeiro movimento pró-ecologia de grande repercussão no Rio Grande do Sul e no país completa hoje 30 anos. No fim da manhã do dia 25 de fevereiro de 1975, Porto Alegre parou para assistir ao protesto do estudante de Engenharia Carlos Alberto Dayrel. Ele subiu numa árvore da avenida João Pessoa, em frente à Faculdade de Direito da Ufrgs, que estava prestes a ser cortada para complementação das obras do Viaduto Imperatriz Leopoldina. O ato para impedir a retirada da centenária acácia durou mais de sete horas e mobilizou universitários, autoridades municipais, Brigada Militar e a imprensa de todo o país. Outros jovens também se juntaram à causa. No fim, conseguiram que a prefeitura alterasse o projeto original, mantendo as árvores no local. Mas não imaginavam que a manifestação houvesse tomado proporções nunca antes vistas no Brasil, tornando-se um marco na defesa do meio ambiente.

O conselheiro da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) Renato Souza contou que a entidade, comandada à época pelo ambientalista José Lutzenberger, falecido em 2002, estava programando protesto contra a retirada das árvores. Porém, a prefeitura antecipou o corte e a ação organizada caiu por terra. Dayrel, que hoje mora em Montes Claros, no interior de Minas Gerais, integrava a Agapan e passava no local no momento em que os operários cortavam as árvores. O jovem resolveu agir sozinho e escalou os galhos da acácia.

Em apoio a Dayrel, outros dois universitários também subiram. Um deles era o estudante de Matemática Marcos Antônio Saraçol. A outra jovem era a bibliotecária Teresa Jardim. Os estudantes queriam a garantia do prefeito Thompson Flores de que as acácias não seriam derrubadas. O caso só avançou quando o diretor da Escola de Engenharia, Adamastor Uriartti, subiu na árvore e convenceu Dayrel a conversar com as autoridades. Acompanhado de Lutzenberger e do professor, o jovem conseguiu que a prefeitura mudasse o trajeto da via para preservar as árvores. No momento em que Saraçol e Tereza desciam, o comandante da operação ordenou a prisão de ambos. A ação gerou revolta e populares tentaram interceder. (CP, 18) Corte afeta mata em Viamão O Batalhão de Polícia Ambiental apreendeu ontem (24/2) motosserras e outros equipamentos que estavam sendo usados no corte de árvores que compõem área de mata nativa em Viamão. O corte vinha sendo feito desde segunda-feira em uma propriedade que faz divisa com o Condomínio Horizontal Cantegril. O fato revoltou os vizinhos, uma vez que a área é uma espécie de reserva. Informados através de telefonemas, homens do Batalhão Ambiental foram ao local, cessando os trabalhos.

O chefe da Agência Florestal de Porto Alegre, engenheiro-agrônomo Marcos Almeida Braga, lamentou não ter sido notificado na semana passada, quando as primeiras árvores foram cortadas. – Normalmente, quando somos acionados, o dano ambiental já está consumado, disse o chefe da agência, que é subordinada ao Departamento de Florestas e Áreas Protegidas, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e tem jurisdição em 35 municípios da região Metropolitana. Ele fez um apelo para que as pessoas denunciem situações suspeitas de cortes de árvores.

– As informações podem ser repassadas por telefone, sem necessidade de que os denunciantes se identifiquem.
Em se tratando de mata nativa, é preciso de licenciamento para o corte. – Do contrário, o autor da derrubada estará cometendo crime ambiental, frisou. As denúncias sobre irregularidades envolvendo matas e florestas podem ser feitas através dos telefones (51) 3288-8138 (Divisão de Licenciamento Florestal) e 3288-8113 (Agência Florestal de Porto Alegre). (CP, 18)

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