Exército permanece no Pará por mais um mês
2005-02-25
O Exército prepara-se para ficar mais de um mês na região de Anapu (PA) para ajudar outros setores do governo na solução dos conflitos agrários, ambientais, recuperação da Transamazônica e na continuação da Ação Cívico Social (Aciso), operação de assistência médica e odontológica iniciada esta semana. O comandante militar da Amazônia, general Cláudio Barbosa de Figueiredo, visitou a cidade nesta quarta-feira para verificar a atuação das tropas deslocadas para a área depois do assassinato da missionária Dorothy Stang.
A permanência do Exército na região depende da liberação de recursos pela equipe econômica. – Nossos gastos giram em torno de R$ 1 milhão por mês, calculou o general Figueiredo. Em entrevista coletiva concedida próximo ao acampamento montado para as tropas, num terreno da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o comandante anunciou a decisão de ajudar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na demarcação de terras em duas glebas selecionadas para a implantação dos Projetos de Desenvolvimento Sustentável (PDS), o programa de assentamento de trabalhadores rurais organizado por Dorothy.
A ajuda dos militares será prestada nas glebas Bacajá e Belo Monte, onde o Incra iniciou os PDSs. Desde a semana passada, três áreas reivindicadas por grileiros foram consideradas como propriedade do Incra pela desembargadora Selene Almeida, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Mais de vinte ainda permanecem sem decisão.
A partir do próximo dia 28, os militares vão apoiar o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) num trabalho de inspeção de madeireiras e no corte de árvores da região. Nos dois casos, a atuação do Exército consiste no apoio logístico, segurança e alimentação dos funcionários encarregados de executar os trabalhos.
A recuperação da Transamazônica também depende de mais recursos financeiros e de um acordo com o DNIT, órgão do Ministério dos Transportes responsável pelas estradas federais. A rodovia que atravessa a Região Norte do Brasil foi construída durante a ditadura militar e fez parte do projeto Brasil Grande, idealizado pelos generais. Mais de trinta anos depois, teve poucos trechos asfaltados e muitos ficam intransitáveis durante o período das chuvas. – Nossa engenharia da Amazônia está pronta. Já fizemos os levantamentos do maquinário necessário e do custo, declarou o general. (Correio Braziliense 24/2)