Ecologistas reagem ao assassinato de Dionísio Júlio Ribeiro
2005-02-25
O assassinato brutal de Dionísio Júlio Ribeiro causou revolta e indignação entre ambientalistas do Rio de Janeiro. A maioria admitiu que já tinha conhecimento de que Seu Júlio vivia sob ameaças desde a implantação da Reserva Biológica do Tinguá, em 1989. A reserva foi criada graças a pressão dos movimentos sociais e de pesquisadores, por ser um dos mais bem preservados sítios de Mata Atlântica do estado.
De acordo com a legislação ambiental, a Reserva Biológica é um tipo de Unidade de Conservação que tem como objetivo a preservação integral, é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites são desapropriadas. É proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivo educacional, de acordo com regulamento específico.
- Seu Júlio lutava contra tudo e contra todos há mais de 20 anos. Contra a extração ilegal de palmito, contra os caçadores e outras irregularidades. Liderou campanhas para impedir a ocupação de partes da reserva - disse o ambientalista José Miguel da Silva, representante da Região Sudeste para o Conselho Nacional de Meio Ambiente.
Para o advogado ambiental Rogério Rocco, da ONG Os Verdes, o mais terrível no crime é sua banalidade.
- A defesa do meio ambiente, que há alguns anos soava como algo romântico, hoje atinge interesses econômicos. No entanto, nem sempre são poderosos, industriais ou latifundiários. Às vezes os interesses são medíocres, como agora, neste caso, pode haver caçadores ou palmiteiros envolvidos. Hoje em dia, se no Pará dizem que os pistoleiros mataram a freira Dorothy por R$ 50 mil, acredito que não tenham oferecido nem R$ 10 mil para matarem o Dionísio. E ele sempre falou nas ameaças, há mais de 10 anos - disse o ambientalista, revoltado. (JB 24/2)