Porto Alegre tem animais selvagens
2005-02-24
Por trás do asfalto e do concreto que dão o ar de metrópole a Porto Alegre, se esconde uma cidade selvagem. Em vez de cidadãos engravatados e animais de estimação, esta outra Capital é habitada por bichos como lontras, jaguatiricas e jacarés - porto-alegrenses nativos pouco afeitos ao convívio com os conterrâneos da raça humana. Apesar das diferenças entre estes dois mundos, a distância entre a Capital civilizada e a cidade selvagem vem diminuindo drasticamente nos últimos anos. Conforme o professor do Departamento de Fisiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Carlos Olegário Diefenbach, a progressiva urbanização de antigas áreas rurais está aproximando cada vez mais homens e bichos. - Com o fim da zona rural no município, que tinha um imposto menor, proprietários se vêem obrigados a lotear suas terras - explica Diefenbach, referindo-se à mudança no Plano Diretor que eliminou a zona rural.
O resultado da urbanização, principalmente na zona sul de Porto Alegre, é uma ameaça crescente ao hábitat de espécies nativas como bugios e capivaras. Cada vez mais ilhados em pequenos nichos de áreas verdes, muitos deles acabam buscando novos refúgios ou morrendo em razão do contato com a Capital civilizada. A Zona Sul e as ilhas do Delta do Jacuí são os dois principais abrigos para a resistente fauna porto-alegrense. Boa parte dela é composta por espécies típicas de banhados, como capivaras, ratões-do-banhado e preás. Também podem ser encontrados lagartos, jacarés e gatos selvagens. As tartarugas e os gambás são exemplos pouco comuns de animais que conseguiram se adaptar ao convívio humano. Enquanto as primeiras vivem até mesmo nas águas do poluído arroio Dilúvio, os segundos se alimentam do lixo doméstico em vários bairros da cidade. (ZH, Caderno Ambiente, 4 e 5)