Surgem novas doenças enquanto o meio ambiente é destruído
2005-02-24
Mudanças ambientais estão varrendo o planeta e trazendo o surgimento de doenças infecciosas, segundo advertências do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep).
A perda de florestas, a construção de estradas e represas, o crescimento urbano, a abertura de fronteiras agrícolas, a mineração e a poluição de áreas costeiras estão promovendo condições sob as quais novos agentes patógenos podem vingar, segundo uma pesquisa publicada nesta terça-feira (22/2) pelo Livro Anual de Perspectivas Ambientais para 2004/2005.
Males previamente não conhecidos por seres humanos estão começando a aparecer, como o vírus de Nipah, recentemente encontrado em morcegos asiáticos, segundo o relatório.
A emergência registrada em Nipah no final dos anos 90 como doença humana fatal está relacionada a uma combinação de fogo nas florestas de Sumatra e a derrubada de florestas na Malásia para uso agrícola. Ao serem privados da floresta e buscarem frutas para se alimentar, os morcegos foram forçados a entrar em contato com porcos domésticos, o que deu ao vírus a chance de se espalhar entre humanos.
A mudança do clima, em particular, pode agravar as ameaças de doenças infecciosas de três maneiras, sugere o relatório. Primeiro, pelo aumento das temperaturas, sob o qual as doenças podem melhor se espalhar. Segundo, pelo aumento do estresse dos habitats, o que leva ao aumento extraordinário de espécies tais como o mosquito da malária e o vírus da meningite, um deles o Neissseria meningitidis, que ocorreu em razão de uma prolongada seca no Saara. Terceiro, a mudança climática pode aumentar o número de refugiados ambientais que são forçados a migrar para outras comunidades e mesmo para outros países, o que favorece o aparecimento de doenças antes não existentes em um local.
O relatório está baseado em pesquisa de especialistas como Tony McMichael, da Universidade Nacional da Austrália, Bernard Goldstein, da Universidade de Pittsburgh, e Jonathan Patz, da Universitdade de Wisconsin. (The Independent, 22/2)