Lula culpa madeireiros por crimes
2005-02-23
O presidente Luis Inácio Lula da Silva culpou os empresários do setor madeireiro pelo assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang e pela onda de violência no Pará. – A morte dos sindicalistas e da freira não é por acaso. É uma atitude pensada de alguns empresários do setor madeireiro que estão revoltados com a nossa política, não só no Pará, mas em toda a Amazônia, disse Lula, durante visita ao assentamento rural em Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul.
Lula afirmou que o assassinato da religiosa não vai intimidar o governo. – Vamos ficar ainda mais ativos. A impunidade acabou. O Brasil não é terra de ninguém. Este país tem governo e lei, enfatizou. – Vamos acabar com esta história de alguns empresários que compram glebas, contratam jagunços e mandam matar quem está lá, organizado, completou Lula.
O presidente ressaltou que o governo não é contrário ao corte da madeira, mas destacou que é preciso critério para a realização da atividade. Ele informou que a União vai certificar as florestas do país. Para Lula, quem quiser cortar madeira vai ter que ter autorização do Estado brasileiro. Uma árvore de 400 anos não é propriedade de uma pessoa, exemplificou o presidente.
No início da tarde de ontem, em uma operação conjunta, agentes das Polícias Civil e Militar e Exército encontraram a arma utilizada para assassinar a freira Dorothy Stang, em Anapu (PA). De acordo com o delegado da Polícia Civil, Waldir Freire, o revólver calibre 38 estava nas proximidades da fazenda do acusado de ser o mandante do crime, o pecuarista Vitalmiro de Moura, o Bida, a cerca de 3 km do local da execução.
Com a utilização de um helicóptero, a equipe chegou ao local, que fica a 150 km de Altamira. Depois de duas horas de caminhada na mata, Rayfran das Neves Sales, suspeito de ser um dos executores do crime, indicou o local. A arma estava no toco de uma árvore, enterrada e envolta em saco plástico. Amanhã será feita uma reconstituição do crime. A polícia tentará encontrar a segunda arma utilizada no assassinato. (CP, 23/02)