Ministério Público investiga empresa acusada de produzir cremes com amianto
2005-02-22
O Ministério Público de Alagoas vai investigar denúncia de Fernanda
Giannasi, auditora fiscal do Ministério do Trabalho, sobre cremes
contaminados da Mibasa (Mineração Barreto S.A.), localizada em Arapiraca AL).
Análises feitas em amostras a pedido da auditora revelam que os produtos
contêm amianto anfibólio. O uso desse mineral está proibido no Brasil e no
mundo.
Giannasi, a favor do banimento do amianto - que, comprovadamente, pode causar
Câncer -, colheu amostras do creme, do sal e do mineralizador Misbet no final
de 2003 para análise e as encaminhou para o MVA Scientific Consults
Laboratory, nos Estados Unidos, em janeiro de 2004.
Três meses depois, o laboratório enviou o resultado das análises: os três
produtos contêm pouco menos de 1% de amianto do tipo anfibólio -o mais
perigoso para a saúde do trabalhador.
Além de atuar na linha de cremes, a
Mibasa administra um spa, produz argamassas e opera no comércio de
combustíveis. — Apesar de todo o esforço para mostrar ao governo esse grave problema de saúde pública, que os cosméticos estão contaminados com anfibólios, nada foi feito — diz. O Ministério Público solicitou à auditora os documentos do
laboratório norte-americano.
Giannasi foi informada de que os três produtos não são comercializados pela
empresa, apenas fornecidos para os clientes que freqüentam o seu spa. Mas
ela mesma afirma que encontrou o creme Misbet em uma loja no Rio Grande do
Sul em 2004. — Paguei cerca de R$ 13 pelo produto — conta.
A Folha procurou a Mibasa, mas a empresa não deu resposta.
Uma comissão interministerial estuda desde março do ano passado o negócio do
amianto no país. Com base em um relatório técnico, que deve ser finalizado
até o próximo dia 14 de abril, o governo deve decidir uma política para o
setor - que pode ser a do banimento ou não do mineral do país. (Folha, 21/02)