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2005-02-22
Um quarto das mortes ou casos de invalidez por doenças infecciosas registrado no mundo está relacionado ao meio ambiente, segundo dados do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA) publicados ontem (21/2). Hiremagaur Gopalan, cientista de saúde ambiental desse programa, apresentou hoje na capital queniana um estudo sobre a degradação ambiental e o aumento das doenças infecciosas, que anualmente matam 15 milhões de pessoas e são consideradas a principal causa de mortalidade no mundo.

O documento relaciona a contaminação das águas costeiras por derramamento de resídos sem tratamento ao vírus da cólera; o desflorestamento à febre amarela, à malária e ao ébola; a mudança do uso da terra -especialmente para a agricultura- ao tifos e à encefalite equina; e o crescimento urbano não planificado à tuberculose e a peste bubônica. — Um meio ambiente em bom estado promove uma boa saúde, afirmou o cientista, ao assinalar que há doenças infecciosas atribuíveis a fatores como água ou ar de má qualidade, ou sistemas de salubridade deficientes que afetam, sobretudo, os povos mais desfavorecidos.

Goplan ressaltou que uma grande percentagem das doenças pode ser prevenida se o meio ambiente for adequadamente administrado.

O relatório das Nações Unidas documenta como os cientistas observaram um ressurgimento de doenças quase desaparecidas e um incremento de doenças devido a mudanças no entorno natural provocadas pelo homem.

No caso da malária, uma doença que mata 3.000 crianças por dia na África subsaariana, o relatório assinala que o desflorestamento e a construção de estradas alteram os sistemas fluviais e criam entornos novos nos quais o mosquito que transmite a doença pode crescer com facilidade. O aumento da malária também aparece relacionado a atividades como a mineração ou o reaquecimento da terra.

Um estudo sobre a extração de pedras preciosas no Sri Lanka revela que as minas se converteram em focos de doença já que os mosquitos encontram um hábitat perfeito nos poços de água estancada de pouca profundidade que os mineiros deixam para trás. Estudos feitos no Brasil indicam que a contaminação por mercúrio nas minas de ouro podem aumentar a suscetibilidade à malária entre os trabalhadores já que a exposição a esse metal debilita o sistema imunológico.

Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, a elevação das temperaturas como resultado do aquecimento terrestre fará com que o mosquito que transmite a malária possa viver em altitudes mais elevadas, estendendo a doença a zonas onde atualmente ela não existe. O relatório foi apresentado durante reunião bienal do Conselho de governo do PNUMA, que acontece entre hoje e sexta-feira na capital queniana, sede da organização, com a presença de mais de cem ministros do Meio Ambiente de todo o mundo.

A reunião centrará suas sessões em analisar o impacto ambiental das tsunamis que devastaram o sudeste asiático em dezembro passado e a importância do meio ambiente para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, uma série de metas fixadas para 2015, e que incluem a redução pela metade da pobreza, o aumento de acesso à água potável e a educação primária universal. (Agência EFE, 21/2)

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