Muitas cidades carregadas com um aspecto excessivamente urbano são indesejáveis, pois nelas aparecem mais coisas como esgoto, mau cheiro e tudo que daí decorre. A maior parte das pessoas não quer sequer pensar em como uma cidade do tamanho de Nova Iorque administra 1,2 bilhão de galões de tudo que sai dos toaletes, é drenado ou vai pela sarjeta todos os dias, e certamente não quer cheirar isto.

Mas como ninguém quer pensar nisto, cientistas e pesquisadores de Química do City College, em Nova Iorque, estão monitorando a eficiência dos filtros de carbono no tratamento de plantas a fim de manter os odores fora do ar. Eles estão tentando descobrir como tornar o processo mais eficiente. Tentaram várias alternativas e materiais adsorventes como melhores filtros: papel velho, plástico reciclado, carvão, galhos de árvores, até que chegaram à conclusão de que o melhor material é o próprio esgoto.

Eles deram início ao uso de pellets fertilizados, feitos com o material que a Companhia de Fertilizantes New York Organic fabrica no Bronx, a partir do esgoto tratado da cidade. Em um contêiner livre de oxigênio, os finos pellets são aquecidos a mais de 1.700ºC, o que os ajuda a filtrar componentes, primeiramente o sulfito de hidrogênio, de forma mais eficiente. Cada pedaço de esgoto é tratado como se fosse uma esponja microscópica, preenchida com cavidades que absorvem o material e dão ao esgoto aquele cheiro terrível. Mas o fato é que funcionou, o grupo está agora trabalhando com um material de origem simples, mas de composição complexa, bem mais barato do que os filtros de carbono.

Mas ainda há muito por fazer para que a cidade possa usar o próprio esgoto como desodorante. Apenas foram produzidos poucos gramas de esgoto desde que se iniciou o uso do material. A cidade de Nova Iorque tem um total de 14 mil toneladas de carbono, usadas em 140 filtros em suas 14 plantas de tratamento. Mesmo que o carbono, na planta de tratamento, separe líquidos de sólidos e descontamine o esgoto, fumos de nitrogênio deixam um odor desagradável, por isto, atualmente, usam-se filtros de carvão.
,br> A idéia de usar o próprio esgoto em pellets parece ser boa. Mas o comissário de tratamento de resíduos Alfonso R. Lopez, do Departmento de Proteção Ambiental, salienta que é algo interessante, mas a cidade não tem equipamento para produzir grandes quantidades de pellets. Ele teme que esta prática possa causar mais odores. Mas os desenvolvedores dizem que os pellets de esgoto permitirão maior controle das plantas de tratamento. (NY Times, 21/2)