Senadora petista diz que governo do Pará é responsável por acirramento do conflito agrário
2005-02-21
A senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA) acusou na sexta-feira (18/02) o governo do estado pela impunidade que teria levado ao acirramento dos conflitos agrários no Pará. Ana Júlia preside a comissão especial criada pelo Senado para acompanhar as investigações do assassinato da missionária americana Dorothy Stang, morta a tiros no sábado. Na lista para serem ouvidos pela senadora já estão o secretário da Segurança do Pará, Manoel Santino, e o ouvidor agrário, Gercino José da Silva Filho.
Para Ana Júlia, a maior prova de que o governo federal tomou as rédeas na investigação da morte da missionária foi o envio de dois mil homens do Exército para a região de Anapu e a instalação do Gabinete de Gestão Integrado da Crise, com representantes dos Ministérios da Justiça, do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Agrário, da Defesa e do Gabinete de Segurança Institucional. O gabinete vai funcionar em Belém, mas atuará diretamente em Anapu e outras áreas de conflito.
– O gabinete é extremamente positivo porque sabemos que o povo só consegue confiar em ações como essa, e não no governo do estado. O governo estadual sempre foi omisso e nunca contribuiu para a reforma agrária. A polícia estadual sempre foi conivente com os grileiros e os madeireiros, afirmou Ana Júlia.
A parlamentar disse ainda que a Política Federal e o Exército não podem ficar para sempre na região dos conflitos e o governo estadual deve passar a atuar contra a violência. Para a senadora, a postura do governo do estado aumentou o clima de insegurança.
– O governo do estado é o responsável pela impunidade porque é o poder que abre inquéritos e decreta os mandados de prisão. Quando fazia alguma coisa nesse sentido, fazia tão mal feito que os advogados dos grileiros facilmente conseguiam impedir qualquer ação da Justiça. Por isso é que ninguém é preso, declarou a parlamentar petista, uma crítica ferrenha do governador do estado, Simão Jatene (PSDB), ao site do PT. (O Globo 18/2)