Após assassinato de freira, Brasil cria reservas florestais
2005-02-21
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, ordenou a criação de duas grandes reservas florestais na região Amazônia, na última quinta-feira (17/2), após o assassinato da religiosa norte-americana Dorothy Stang. Os decretos determinam a criação de uma reserva de 8,2 milhões de acres e de um parque nacional de 1,1 milhão de acres no Estado do Pará, onde a freira, de 73 anos, foi morta a tiros em uma disputa por terras.
–Não podemos ser coniventes com atos de violência, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que anunciou os decretos.
Stang, originária de Dayton, Ohio, era naturalizada brasileira. Ela foi morta no sábado (12/2) em um estabelecimento a 30 milhas de Anapu, no Pará. Uma testemunha informou que ela lia a Bíblia após ser confrontada e que foi alvejada seis vezes.
Os decretos foram anunciados depois que mais de 60 grupos assinaram uma carta ao presidente demandando uma ação para controlar a violência e a impunidade associadas à ocupação ilegal de terras e ao desflorestamento na Amazônia, especialmente no Pará, que tem mais de duas vezes o tamanho do Estado norte-americano do Texas. A carta é assinada pelas ONGs Fundo Mundial para a Natureza (WWF), Greenpeace, Amigos da Terra e outros grupos.
Empresas madeireiras e donos de terras têm entrado em conflito pesado nos últimos anos no Pará, ameaçando uma extensão florestal de 1,6 milhão de milhas quadradas. Lavouras, desflorestamento e más práticas no uso da terra já destruíram 20% da floresta amazônica.
Na região leste do Pará, o Exército brasileiro foi acionado, e estão 110 soldados sobrevoando de helicóptero a zona do conflito, onde ocorreu o assassinato da religiosa. A tropa faz parte de uma operação maior, que envolve 2 mil soldados, que vão continuar a vigiar o Estado do Pará. Pelo menos mais três pessoas morreram na região, por causa de conflitos fundiários, desde a morte de Stang. A Polícia busca um poistoleiro no rancho de Vitamiro Goncalves Moura, conhecido como Bida, que as autoridades suspeitam ser o mandante do crime. (Los Angeles Times, 19/2)