Protocolo de Kyoto muda comportamento no mundo dos negócios
2005-02-18
Existe uma sensação, entre homens de negócios contra e e favoráveis ao Protocolo de Kyoto, de que o acordo está, de alguma maneira, modificando o comportamento empresarial nos últimos anos. Uma dessas mudanças diz respeito ao complicado mundo das operações de crédito de carbono.
–O mundo não sabe se os gases de efeito estufa vêm de Bancoc, de Pequim, ou de onde, afirma Michael G. Morris, chefe executivo da American Electric Power, a maior empresa de geração de eletricidade dos Estados Unidos e uma das grandes emissoras de dióxido de carbono.
Mesmo Morris, um executivo de país não signatário de Kyoto, pensa que, um dia, os Estados Unidos serão parte do tratado global de controle de gases estufa. Enquanto isto não se concretiza, a American Electric está lutando para reduzir as emissões de suas plantas em 10% até 2006, uma redução que, embora seja menos radical do que a que deverá enfrentar a indústria alemã, está dentro do espírito de Kyoto.
Entre os políticos norte-americanos, existem iniciativas semelhantes. Os senadores John McCain, Republicano do Arizona, e Joseph I. Lieberman, Democrata de Connecticut, tentam reintroduzir uma taxa que irá impor um modesto controle das emissões. Porém, na última vez que a proposta foi à votação, em 2003, foi derrotada por 55 a 43 votos. E a medida enfrenta uma dura oposição no Congresso.
Com tanta mudança pela frente, ainda assim há poucas evidências de que as companhias multinacionais estejam buscando locar suas plantas principalmente para países que não adotaram o Protocolo de Kyoto. As regulamentações ambientais estão entre vários fatores chave levados em conta nos negócios, mas são menos importantes do que os custos do trabalho.
–Empresas como Dow e DuPont devem manter suas operações internacionais e aprender a conviver com Kyoto, disse Annie Petsonk, advogada do Environmental Defense, grupo de advogados ambientalistas com sede em Nova Iorque. (NY Times, 16/2)