Ativistas norte-americanos ainda não desistiram do Protocolo de Kyoto
2005-02-18
O Protocolo de Kyoto está, ao que parece, tornando-se popular. Se depender de alguns movimentos sociais norte-americanos, ele vai deixar de ser apenas assunto de governos para passar a ser mais um meio de pressão da cidadania. Além dos 141 países que ratificaram o documento,
que entrou quarta-feira(16/02) em vigor, ativistas norte-americanos estão se mobilizando para que os Estados Unidos – país não ratificador – faça a sua parte para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Enquadrar os EUA
Uma espécie de corrida contra o tempo toma conta dos manifestos ambientalistas, e inclusive os que defendem que este termo é inadequado, obsoleto ou falecido, saem em apoio à idéia de que o presidente George W. Bush precisa fazer algo para enquadrar os Estados Unidos no grupo de países que assinaram o acordo.
ONG eclética
A chamada Coalizão da Crise do Clima (CCC), um grupo heterogêneo formado por ambientalistas, religiosos e ativistas da área de direitos humanos, entre outros, está lançando uma petição online exigindo que as autoridades norte-americanas sigam o exemplo dos signatários do tratado e pressionem o presidente dos EUA a assinar o protocolo.
Rota de colisão
O documento, que busca milhões de assinaturas, chama-se Ratificação do Tratado de Kyoto sobre Aquecimento Global. A revista Grist, em seu site
(http://www.grist.org/comments/soapbox/2005/02/16/gelbspan/?source=daily), publicou nesta quarta-feira (16/2) um texto do jornalista Ross Gelbspan, autor de dois livros sobre mudança climática – The Heat Is On e Boiling Point – explica por que as pessoas devem elas mesmas ratificar o protocolo, assinando a petição. Segundo ele, a natureza e a história estão em rota de colisão e, enquanto isto, os Estados Unidos estão simplesmente andando como sonâmbulos no Apocalipse.
Sigam-nos
Gelbspan sustenta que os cidadãos devem trabalhar para que os Estados Unidos alinhem-se ao resto do mundo, realizando ações para a redução das causas da mudança climática. –Reconhecemos que a Constituição dos Estados Unidos nos concede ultimato sobre a autoridade governamental, portanto, nós ratificamos o Protocolo de Kyoto e demandamos que nossos representantes eleitos sigam-nos, assinala o jornalista.
Olho no futuro
Sabendo que as metas e o cronograma atual do protocolo são inadequados, a coalizão está de olho no futuro, já pleiteando suporte para futuras rodadas do acordo, que poderiam reduzir as emissões em algo como 70%.
Em apenas 10 anos
O sinal de alerta, diz Gelbspan, já foi dado. Em janeiro último, o secretário do Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC), Rajendra Pachauri, declarou que o mundo chegou a um nível perigoso de concentração de dióxido de carbono na atmosfera, e que cortes muito profundos deveriam ser feitos nessas emissões. Ele declarou que estamos a apenas 10 anos, ou 2ºF, do ponto de não-retorno, quando as concentrações de dióxido de carbono chegarão – se nada for feito – a 400 partes por milhão por ano. Estamos hoje em taxas de emissão de dióxido de carbono jamais experimentadas nos últimos 420 mil anos.
Mais carvão
Um outro alerta veio também em janeiro, quando os cientistas do Hadley Center para Previsão e Pesquisa Climática, da Grã-Bretanha, liberaram modelos gigantes de computados que combinam análises em mais de 95 mil
computadores em 150 países. Os modelos aumentaram dramaticamente o aquecimento estimado para o futuro entre 4ºF e 10ºF e até 20ºF. Segundo eles, a zona de perigo será atingida na metade deste século. E o pior é que Estados Unidos, China e Índia têm planos de abrir mais termelétricas a carvão – um total de 850 – e vão jogar no ar cinco vezes mais dióxido de carbono do que o que será evitado pelo Protocolo de Kyoto.