Seca expõe degradação dos rios do Oeste de SC
2005-02-17
Períodos de pouca chuva não revelam somente as fragilidades do sistema de abastecimento de água nas cidades atingidas. Expõem ainda a forma como historicamente a população tratou os rios. Em Concórdia, o rio dos Queimados, motivo pelo qual que a cidade foi instalada no local em que está, transformou-se num filete de água com pouco mais de 70 centímetros em alguns pontos. O pior é nem mesmo a ausência de água evita que sejam jogadas sacolas de lixo em seu leito.
O rio nasce cerca de 7 quilômetros antes de Concórdia e deságua no Rio Uruguai. O trecho em que ele mais recebe detritos é o que passa por dentro da cidade. Além do esgoto residencial, a poluição é causada por efluentes de algumas indústrias que não possuem sistema de tratamento. Além disso, trechos do leito do rio foram concretados no início dos anos 80 para reduzir o risco de enchentes, contribuindo para que o Queimados parecesse mais um esgoto a céu aberto do que um curso de água.
Hoje, nem a água que a Casan trata sai do rio. A estatal utiliza os rios Jacutinga e Suruvi para manter o sistema de abastecimento de água da cidade. — É lamentável sob todos os aspectos o que aconteceu com o rio dos Queimados. Neste período de seca, percebemos mais claramente a extensão das agressões que praticamos contra ele no decorrer dos anos — diz o presidente da Associação dos Biólogos de Concórdia (Abioc), Neri Zanferrari.
Antes de chegar no trecho canalizado, o fluxo de água do Queimados é um pouco maior. Mesmo assim, o curso de água não passa de 1,5 metro de largura. A profundidade é inferior a 50 centímetros. Quando a chuva voltar, a vida do rio não mudará muito. Mesmo com maior quantidade de água, ele continuará desempenhando o papel de receber os detritos indesejados pela cidade. Soluções para o Queimados seriam a fiscalização rígida sobre os efluentes de residências e indústrias e a criação de um sistema de tratamento de esgotos na cidade. (A Notícia, 17/02)