Viveiro recebe do Ibama e do zoológico espécies nativas da Mata Atlântica
2005-02-17
O maior viveiro do país, com uma área de cerca de 2400 m2, situado no recém-inaugurado Parque Municipal dos Pássaros (Rio das Ostras, RJ), que tem como proposta ser um criatório conservacionista, vem recebendo animais apreendidos pelo Ibama em feiras, transportes e criatórios ilegais. O excesso de captura ilegal está levando aves representativas da região à extinção como pássaros canoros, pombas, marrecos, periquitos, entre outros. As aves que não podem ser reintroduzidas em seus locais de origem são levadas ao Centro de Triagem e depois destinadas a zoológicos e criadores credenciados em sistema de comodato.
Os biólogos Flávio de Britto Pereira e Eliane Barbosa, da equipe de técnicos da FBCN, foram responsáveis pela seleção das espécies de comportamento menos agressivo, de modo a manter neste espaço um convívio harmonioso. Além de terem sido evitadas espécies predadoras, mediante procedimentos específicos, os profissionais minimizam o estresse provocado pela nova moradia e pelo convívio entre diferentes tipos de pássaros. O resultado é a total adaptação das aves ao novo ambiente.
Em um mês, casais de trinca-ferro, bigodinho, canário-da-terra e de galo-da-campina já estão nidificando (fazendo ninho) e alguns com postura (colocando ovos). Este mês, excedentes da criação do Zoológico do Rio de Janeiro, como periquitos, jacus e jaós, serão encaminhadas ao viveiro.
Antes de entrar no viveiro, as aves se submetem a um processo de quarentena num hospital veterinário da região. Todos são submetidos a uma coleta de sangue para a pesquisa de hemoparasitas e, em seguida, vermifugados. São observados, ainda, a saúde e o comportamento da ave até que ela complete o período de quarentena e possa ser liberada no viveiro sem criar problemas para os demais habitantes. A alimentação é toda preparada na sala de preparo de alimentos do Parque, anexa ao biotério, onde são criados alimentos vivos para as aves, como insetos, vermes e larvas.
No interior do viveiro foi construído um lago artificial com 400 metros cúbicos, cujo objetivo recriar habitats naturais para as aves aquáticas. Nele, foram introduzidas espécies de peixes e rãs para futuro alimentos das aves ictiófagas (que se alimentam de peixes). Entre frutas de todo o tipo, sementes e insetos são gastos semanalmente cerca de R$ 700,00 (setecentos reais). O espaço pretende abrigar 500 aves distribuídas em 180 espécies. No momento, o viveiro conta com 200 aves de 40 espécies.
O cuidado com o bem-estar das espécies é tanto que apenas 10 pessoas por vez e acompanhadas de um monitor podem caminhar pela trilha que leva ao viveiro. As caminhadas acontecem a cada 30 minutos. O parque abriga, no total, duas trilhas com percursos somados superiores a 1 km. Uma em direção ao viveiro, onde são admitidas 80 pessoas ao dia e a outra para observação da mata de restinga, com sua variedade de espécies da flora e fauna. Esta última recebe, diariamente, 120 visitantes.
Para a diretora executiva da FBCN Anna Meyer, a criação do Viveiro vai contribuir para ensinar as crianças as riquezas de nossa fauna e flora, estimulando-as a protegê-las. – Como elemento de educação ambiental, foi editado um guia de identificação das aves do Viveiro, na forma de um livro com desenhos coloridos de todas as espécies que serão criadas no local, disse a diretora. (JB 16/2)