Mercado do carbono pode favorecer estado da Bahia
emissões de co2
2005-02-17
A entrada em operação do Protocolo de Kyoto em todo o mundo abre boas perspectivas para a comercialização futura de créditos de carbono pelo estado da Bahia. Por enquanto, só existem estudos preliminares, mas já é dada como certa as reais vantagens competitivas de setores da economia como o de gás natural, em expansão no estado, as atividades de reflorestamento e também a injeção de dióxido de carbono (CO2) em campos maduros de petróleo - pesquisa mantida em sigilo pela Petrobras.
A partir de estudo desenvolvido pela Bahiagás, em parceria com a Universidade Federal da Bahia (Ufba) e a Universidade Salvador (Unifacs), chega-se à conclusão que, somente em 2003, as emissões de CO2 no estado foram reduzidas em um milhão de toneladas, a partir da utilização do gás natural nos processos industriais da planta baiana. Se a cota fosse vendida a um país desenvolvido e convertida em crédito de carbono, o faturamento da transação é estimado em US$5 milhões (atualmente, uma tonelada de carbono está cotada a US$5).
O diretor presidente da Bahiagás, Petronio Lerche, explica que o estudo, batizado por Benefícios Ambientais do Uso do Gás Natural na Bahia, tem como foco de atenção os benefícios ambientais decorrentes do uso do gás natural. Apesar de não ter sido direcionado para avaliar os possíveis ganhos com a venda dos créditos de carbono, é possível concluir que, no período de dez anos - entre 1994 e 2003 -, a Bahiagás teria faturado o equivalente a US$30 milhões. – Esse valor cobriria o programa de investimento de um ano da empresa... A gente não está no mercado de crédito de carbono, ainda. Isso será uma etapa futura, disse Lerche.
Os resultados do estudo serão apresentados oficialmente hoje (16/02), logo mais às 18h, na sede do Centro de Recursos Ambientais (CRA), em Monte Serrat. A participação é aberta ao público. A mesa do evento será composta pelo vice-governador da Bahia e secretário estadual de Infra-Estrutura, Eraldo Tinoco, pelo secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Jorge Khoury, pela diretora geral do CRA, Maria Lúcia Cardoso, pelo diretor-presidente da Bahiagás, Petronio Lerche, pelo diretor técnico da Econergy, Helvécio Guimarães, e por professores da Ufba e da Unifacs, instituições parceiras da pesquisa.
– Na Bahia, estão sendo identificadas as oportunidades, afirma Osvaldo Soliano, membro do estudo como professor da Unifacs e coordenador do Núcleo de Pesquisa Energia e Sistemas Energéticos dessa instituição acadêmica. Ele explica que existem várias etapas legais que antecedem a ratificação da venda de crédito de carbono, como a submissão das propostas ao crivo do Conselho Executivo das Nações Unidas. (Correio da Bahia, 16/2)