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2005-02-17
A região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, pode ser uma das maiores beneficiadas pelo Protocolo de Kyoto, acordo internacional que entra em vigor nesta quarta-feira. O protocolo prevê que os países desenvolvidos diminuam em 5% o nível de emissão de poluentes registrado em 1990. Quem não conseguir reduzir pode comprar créditos de carbono de países em desenvolvimento. Esses créditos são criados por projetos de geração de energia que não consomem combustível fóssil, como derivados de petróleo e carvão.

Maior produtora de cana do mundo, a região de Ribeirão Preto pode se beneficiar do acordo por causa das usinas que geram energia por meio do bagaço de cana. Apenas uma usina, em Sertãozinho, pode ter uma receita anual extra de US$ 194 mil com a venda de crédito. O preço do crédito no mercado internacional varia entre US$ 5 e US$ 20. Nesta usina, 27 mil toneladas de poluentes deixam de ser lançados no meio ambiente.

O Banco Mundial estima que a venda de créditos de carbono pode movimentar US$ 10 bilhões por ano. Os projetos brasileiros para geração de energia por hidrelétricas e biomassa podem abocanhar parte deste mercado, assim como projetos de reflorestamento. De acordo com o secretário estadual do Meio Ambiente, José Goldemberg, em entrevista ao Bom Dia São Paulo, o crescimento natural da Mata Atlântica absorveu um milhão de toneladas de carbono nos últimos 10 anos. Para ele, o estado poderá participar e incentivar esse mercado de créditos de carbono com novos projetos de reflorestamento. – O governo tem um projeto de recuperação de matas ciliares que encoraja as empresas a substituir combustíveis fósseis por outros métodos mais eficiente de geração de energia, afirma.

Entre outros programas do governo, ele ainda destaca o uso de aterros sanitários. Nestes locais, pode ser recolhido o gás metano emitido durante a decomposição. Ele também poderia ser usado para geração de energia. Apesar do protocolo entrar em vigor nesta quarta-feira, Goldemberg afirma que esse mercado já opera há algum tempo. – O caixa parece ter se aberto hoje. Mas há três ou quatro anos os créditos já são comercializados. O Japão já compra, por exemplo, afirma ele. (O Globo 16/2)

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