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2005-02-17
Entra em vigor hoje o Acordo de Kyoto, que busca controlar as emissões de gases que causam o efeito-estufa, responsável pelo aquecimento global. Mas dados mostram que a maioria dos países desenvolvidos vem elevando suas emissões. Além disso, os EUA, responsáveis por quase um quarto das emissões mundiais, ficaram de fora. Isso lança dúvidas quanto à sua eficácia em reduzir a poluição.

Após o acordo ter sido negociado em 1997, na antiga capital japonesa que lhe empresta o nome, 140 países o ratificaram. Apesar de terem assinado o pacto na época, os americanos desistiram de ratificá-lo. Segundo o presidente George W. Bush, a adesão ao pacto prejudicaria a economia americana.

Além disso, Washington reclama de que países poluidores que vêm elevando suas atividades, como China e Índia, não terão de fazer sacrifícios. A primeira fase da redução de emissões não inclui os países em desenvolvimento.

A implementação do acordo enfrentou grandes dificuldades principalmente devido à exigência de que ele só entraria em vigor após ser ratificado por países que, juntos, fossem responsáveis por ao menos 55% das emissões mundiais. Esse objetivo só foi alcançado no ano passado, com a adesão e posterior ratificação pela Rússia.

O objetivo do protocolo é forçar os 35 países mais industrializados a reduzir a emissão de dióxido de carbono e de outros cinco gases provenientes da queima de petróleo, de carvão e de outros processos. A maioria dos proponentes acredita que esses gases, ao serem lançados na atmosfera, contribuem para o aumento da temperatura global, o que viria provocando o derretimento das geleiras e o aumento do nível dos oceanos. Esse processo estaria mudando o clima do planeta.

Alguns cientistas discordam da obviedade desse processo, dizendo que os processos de mudança climática são mais complexos e envolvem inclusive fenômenos sobre os quais não se tem controle.

Mas, mesmo os países que defendem a diminuição dos gases-estufa estão passando longe das metas de, até 2012, diminuir as emissões para 6% abaixo do nível de 1990 - os EUA haviam se comprometido em diminuir 7%, antes de abandonar o pacto; a União Européia, por sua vez, se comprometeu a baixar 8%.

O Japão, por exemplo, segunda maior economia mundial e um ardoroso defensor do pacto, aumentou suas emissões em 12,1% de 1990 para 2002. O governo japonês diz que muitas das indústrias do país precisam tomar ações urgentes para se adequar às metas. Críticos afirma que falta uma política coerente ao governo para que isso seja feito. — Embora o problema seja grande, pedimos aos japoneses e às indústrias que cooperem — disse o ministro do Meio Ambiente do Japão, Yuriko Koike. O país deve sediar uma das maiores celebrações para comemorar a entrada em vigor do protocolo.

Espanha e Portugal, outros dois países que se mostram favoráveis ao acordo, aumentaram suas emissões de 1990 para 2002 em 40,5% cada um. A Austrália aumentou em 22,2%; o Canadá, 20,1%; e a Itália, 8,8%.

Alemanha e Reino Unido, por outro lado, tiveram resultados mais animadores: diminuíram suas emissões no mesmo período em 18,5% e 14,5% respectivamente. A União Européia como um todo diminuiu 2,5%. (Valor, 16/02)

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