Energia Solar é alternativa não substitutiva, diz professor da UFRGS
2005-02-17
Por Bibiana Osório (Porto Alegre)
Mesmo enfrentando problemas estruturais comuns ao patrimônio público federal, há trinta anos o Laboratório de Energia Solar (LABSOL) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul desenvolve uma série de pesquisas envolvendo a aplicação desse sistema alternativo de energia. Ligado ao curso de Engenharia Mecânica, o LABSOL está localizado desde o início da década de noventa numa área de 1 hectare no Campus do Vale e é formado por uma equipe de dois engenheiros e cerca de 15 alunos da graduação, pós, e cursos de extensão. Atualmente existem três projetos lá, dois em andamento e um para ser iniciado em breve. Graças ao financiamento recebido de empresas como a Petrobrás e a CEEE, além do CNPq, as atividades de pesquisa conseguem se manter e os equipamentos necessários podem ser adquiridos.
Mudança preliminar
- A universidade paga apenas pela conservação e manutenção do prédio, mas mesmo assim temos um problema grave de segurança. Vários materiais caros já foram roubados, desabafa o engenheiro elétrico que trabalha há quinze anos no Labsol, César Prieb. O Laboratório atua principalmente em duas linhas: os sistemas solares de aquecimento e os sistemas de energia solar fotovoltaica. O trabalho sobre esse último proporcionou a instalação em junho do ano passado de um computador ligado a um sistema fotovoltaico, que converte a energia do sol em energia elétrica. Quanto à aplicabilidade dos sistemas baseados no sol, Prieb garante que eles não são a solução para os problemas energéticos do país. - Trata-se de um sistema alternativo e não substitutivo, enfatiza o engenheiro. Primeiro porque seria preciso mudar a cultura vigente de desperdício de energia e segundo porque sua instalação é cara e exige uma série de adequações na estrutura das casas. Um sistema de aquecimento de água para uma casa onde moram quatro pessoas sai na base de R$ 4 mil.
Economia é a chave
Na Europa, impulsionados pelas preocupações decorrentes do Protocolo de Kyoto que começou ontem (16/02) a entrar em vigor, os governos têm ajudado a financiar a adoção desses sistemas no intuito de minimizar a utilização do carvão na produção de energia. - É uma realidade diferente da nossa. Temos uma ampla planta hidrográfica e a energia é relativamente barata se compararmos com a Europa. O que precisa é acabar com o desperdício tanto de água como de energia, afirma Prieb. Mas para quê servem esses sistemas então? Eles são a solução para a obter energia em propriedades ou localidades pequenas e isoladas. Outro exemplo pode ser visto nos rádios SOS instalados em diversos pontos da Free Way. Neles pequenos sistemas elétricos movidos a energia solar os matém ligados sem que haja necessidade de postes e fios de energia elétrica. Prieb considera boa a evolução nos estudos sobre o sistema surgido originalmente para fornecer energia aos satélites. Ele lembra do boom ocorrido após o apagão de 2001. - Muitos nos procuraram e então entenderam que não essa é uma opção cara e que mesmo que mínima precisa de uma manutenção.
Sem fins lucrativos
Nenhum sistema produzido no Labsol é vendido. O Laboratório apenas dá orientações e auxilia os interessados em investir na energia solar. Com a nova gestão da reitoria, Prieb espera que ao menos o problema da segurança seja solucionado com a contratação de um vigia. - O novo reitor José Hennemann integrou o curso de engenharia e conhece bem as nossas necessidades, ressalta.