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2005-02-16
A floresta amazônica, durante muito tempo conhecida como pulmão do mundo, está sendo vista, ultimamente, como uma das maiores produtoras de dióxido de carbono do mundo, graças às constantes queimadas que a atingem.

O assunto foi discutido na Conferência das Partes sobe Mudança Climática realizada em Buenos Aires, em dezembro do ano passado, quando enfoques diversos foram dados para tentar explicar que fenômenos estão modificando a paisagem local. –Na Amazônia, a vegetação morre porque não há chuva suficiente, explica o climatologista Vicky Pope, detalhando um dos mais sofisticados estudos realizados pelo Hadley Centre da Grã-Bretanha a respeito dos significados da mudança climática.

Mas, para as florestas tropicais da América do Sul, a morte significa a gradativa e firme decomposição da vegetação morta e a liberação de massivas quantidades de dióxido de carbono para a atmosfera, o famoso gás de efeito estufa culpado pela mudança do clima.

O fato é que, seja pelo fogo, ou pelo apodrecimento da madeira, a floresta tropical amazônica está tendo seu papel revisto no cenário do futuro do clima terrestre. Centenas de cientistas estão trabalhando sem parar para entender a relação crítica que existe entre a atmosfera e a região conhecida como Amazônia, mais de 11 vezes maior que o Texas e berço de um terço das espécies do mundo.

–Cientificamente falando, não estamos 100% confiantes de que sabemos todos os processos, disse o físico brasileiro Paulo Artaxo, que estuda a Amazônia há 20 anos. Segundo ele, existem milhares de efeitos críticos diferentes, há muito trabalho científico a ser realizado. Artaxo lidera uma equipe de cerca de 1,7 mil pesquisadores de 200 universidades e outras instituições que integram o projeto Experimentos de Larga Escala na Biosfera Amazônica, que visa a estudar como estão, por assim dizer, respirando os pulmões amazônicos.

Os cientistas sabem que o aumento de 1º F registrado na temperatura global, desde o século passado, foi suficiente para provocar uma série de mudanças no ciclo da floresta amazônica, mas há detalhes imensamente complexos que precisam ser melhor estudados, especialmente o fenômeno pelo qual o dióxido de carbono fica represado pelo aquecimento global. Fenômenos como a composição dos nutrientes do solo, evaporação, precipitação, níveis dos rios e lagos, fluxos de gases, bem como absorção do carbono pela vegetação são altamente influenciados por estas mudanças do clima.

Mas há algo em que eles são unânimes: é preciso frear o desflorestamento. A taxa de destruição de florestas no local praticamente dobrou na década passada, e a média foi de 9 mil milhas quadradas em 12 meses, de 2003 a 2004 – uma área do tamanho do Estado norte-americano de New Hampshire. Uma das principais ameaças é a lavoura da soja, em nome da qual são queimados centenas de hectares de florestas. O governo brasileiro é acusado de contribuir para este processo ao abrir estradas que facilitam a exploração da madeira e a abertura de campos de lavoura.

Isto significa um grande impacto para a mudança climática, pois sabe-se que a derrubada de florestas contribui com 20% das emissões humanas de dióxido de carbono para a atmosfera. A Amazônia, no entanto, ainda é conhecida como afundadora natural de carbono, mais do que emissora . Os cientistas querem mostrar se isto é mesmo verdade, ou se a relação está se invertendo.

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