O Be-a-Bá do aquecimento global
2005-02-16
1) Aquecimento Global não é Efeito Estufa:
Efeito estufa é um fenômeno natural que assegura a manutenção da vida na Terra. Graças ao Efeito Estufa, ou seja, aos gases que compõem a atmosfera há milhares de anos, a temperatura média do planeta é de aproximadamente 15 graus centígrados, favorecendo a manutenção da vida tal como a conhecemos.
Aquecimento Global é o nome que se dá ao fenômeno causado, entre outros fatores, pela queima progressiva de petróleo, carvão e gás, e que agrava o chamado Efeito Estufa. Segundo os cientistas da ONU, não há dúvidas de que a humanidade contribui para o aquecimento global. O que não se sabe exatamente é em que proporção isso acontece.
2)Aquecimento Global não tem nada a ver com Camada de Ozônio:
A camada de ozônio tem a função de proteger o planeta da radiação ultravioleta do sol. A exposição excessiva à essa radiação provoca queimaduras e pode causar câncer de pele. A camada de ozônio é destruída pela ação de alguns gases industriais como o CFC (Clorofluorcarbono). Tratados internacionais estabeleceram a substituição desses gases por outros que não destruam a camada de ozônio. O aquecimento global não tem portanto
qualquer relação com a camada de ozônio.
3) Os Estados Unidos assinaram o Protocolo de Kioto:
Ao contrário do que se pensa, os Estados Unidos assinaram o Protocolo de Kioto no segundo governo Clinton, em 1997. Mas nem Clinton, e muito menos George W. Bush, ratificaram o protocolo. A ratificação significa o endosso do
Parlamento de cada país ao documento. Os Estados Unidos sozinhos emitem 25% de todos os gases estufa do planeta. Transformam em fumaça 20 milhões de barris de petróleo por dia. O governo americano alega que a implementação do Protocolo implicaria em custos danosos à economia daquele país. E consideram injusto que países como China, Índia e Brasil não tenham compromissos formais de redução.
4) As regras básicas do Protocolo:
O Protocolo de Kioto prevê que os países ricos ou industrializados (do chamado Anexo 1) reduzam suas
emissões de gases estufa ( dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e outros) em pelo menos 5% ( cada país tem sua meta diferenciada) tendo como base o ano de 1990. O primeiro período de compromisso do Protocolo é entre 2008 e 2012. Outros períodos de compromisso serão necessários para
que se resolva o problema do aquecimento global. Estima-se que seria necessário reduzir em 60% as emissões atuais de gases estufa na atmosfera para conter o aquecimento global.
5)Por que só os países industrializados tem que reduzir emissões?
Ratificado por 136 países ( esse era o número no início de fevereiro) o Protocolo de Kioto definiu que apenas os países industrializados tem o compromisso formal de reduzir suas emissões. A lógica é a seguinte: esses países (36) são os principais responsáveis pelo aquecimento global, pois são os que historicamente mais lançaram gases estufa na atmosfera. De acordo com o governo brasileiro, esses países contribuíram com 90% dos gases acumulados na atmosfera. Como o CO2 ( dióxido de carbono) leva séculos para se decompor, a queima de petróleo, gás e carvão que vem
acontecendo desde a Revolução Industrial vai se acumulando lenta e perigosamente.
6)O Protocolo de Kioto não é um tratado para reduzir os gases poluentes:
A função do protocolo é reduzir o aquecimento global. Inúmeros gases poluentes ficaram de fora do protocolo.
7) Guerra diplomática:
Como a industrialização de países em desenvolvimento como China, Índia, Brasil e Indonésia aconteceu mais tarde, eles
não tem a obrigação de reduzir suas emissões no primeiro período de compromisso do Protocolo de Kioto, entre 2008 e 2012. Entretanto, já há um forte lobby para que os países em desenvolvimento assumam a partir de 2012 compromissos formais de redução. A China já é o segundo maior emissor de gás carbônico do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Brasil e Índia estão entre os 6 maiores emissores. Um estudo das Nações Unidas, revela que as emissões de gases estufa dos países em desenvolvimento superarão as dos países desenvolvidos entre 2015 e 2020. Ainda assim, o
bloco dos emergentes não aceita compromissos formais de redução.
(André Trigueiro/RBJA)