Bispo do Xingu diz que assassinato de Dorothy Stang evidencia conflito com latifundiários no Pará
2005-02-15
Para o bispo da Prelazia do Xingu em Altamira, Dom Erwin Krautler, o assassinado da missionária norte-americana e naturalizada brasileira Dorothy Stang não foi um simples crime, pois evidencia uma disputa entre os latifundiários, que possuem o poder econômico na região, e os marginalizados. — Aqui, quando nós nos colocamos do lado do pobre, do excluído e do marginalizado, enfim, daqueles que não têm voz e vez, nós corremos riscos. Pois, nós mexemos com os interesses de grandes latifundiários, grandes fazendeiros, então eles, em ultima análise, querem nos eliminar, afirma.
Em entrevista, Dom Erwin Krautler disse que foi contatado até pelo Vaticano para relatar detalhes das disputas na região.— Ela morreu porque tinha um sonho diferente para a Amazônia, defendia sempre os planos de desenvolvimento sustentável e lutava pelo assentamento dos colonos simples que precisavam plantar e viver. Assim, ela ia contra o espírito e a idéia que o latifúndio tem, pois o latifúndio quer aumentar, quer crescer e se ampliar e não aceita qualquer voz contraria, ressaltou o bispo. D. Erwin diz ainda que a eliminação da pessoa que está incomodando esse era o último recurso para os latifundiários.
No domingo, o ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, prometeram que o governo vai acelerar a implantação de um programa de desenvolvimento para ajudar na solução dos conflitos na região. O bispo defende o programa e diz que os militantes irão seguir com seus objetivos sem importar com as ameaças e intimidações. (Agência Brasil, 14/2)