Morte de freira é reflexo da negligência do governo, dizem ONGs
2005-02-15
O assassinato da freira americana Dorothy Stang, no Pará, é resultado da negligência do governo brasileiro na apuração de casos similares no passado, na opinião das organizações de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional, da Grã-Bretanha, e Human Rights Watch, dos Estados Unidos.
— É uma longa história de negligência dos governos estadual e federal e também das autoridades jurídicas — disse à BBC Brasil Tim Cahil, porta-voz da Anistia Internacional.
Segundo ele, mais de 900 pessoas foram assassinadas no Brasil, entre 1986 e 1995, por causa das disputas de terra e somente cinco pessoas teriam sido presas.
— A morte da freira Dorothy Stang reflete a sistemática brutal da violação dos direitos humanos que tem ocorrido no Estado do Pará durante muitos anos — disse Cahil.
Reed Brodie, diretor da Human Rights Watch, concorda. — Autores de massacres no passado não foram investigados e punidos devidamente — disse Brodie.
Segundo ele, a impunidade leva a um ambiente em que a violência é tolerada.
Brodei elogiou a atitude do governo federal em enviar a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, para o Estado do Pará a fim de coordenar as investigações.
Mas defendeu mais ações, como o aumento do número de policiais para evitar que casos como esse ocorram no futuro. — A luta pelos direitos humanos não deveria ser uma missão perigosa — disse Brodie.
Para as organizações, o mais importante agora é que os governos estadual e federal façam uma investigação rápida e isenta para que crimes como esse não se repitam.
(Folha/BBC Brasil, 14/02)