A área plantada de soja transgênica em Mato Grosso, na safra 2004/05, deverá passar de 40 mil hectares, um incremento acima de 2.300% em relação à safra anterior, quando o plantio foi de 1,7 mil hectares (ha).

De acordo com relatório preliminar divulgado ontem à tarde pela Delegacia Federal da Agricultura (DFA), até o final desta semana cerca de 70 produtores já haviam declarado o plantio de soja geneticamente modificada. Na safra 2003/04, apenas 11 produtores declararam o plantio no Estado.

Este ano os números do Termo de Compromisso, Responsabilidade e Ajustamento de Conduta (TCRAC) poderá passar de 100, já que muitos produtores podem ter declarado mais de uma área. O Tcrac é o documento obrigatório para os produtores que efetuaram o plantio de soja transgênica.

De acordo com o agrônomo Luíz Henrique Gonçaves Pires, do setor de Fiscalização da DFA, este ano um maior número de produtores decidiu plantar soja transgênica porque o governo Federal autorizou o plantio desde que os agricultores fizessem o comunicado dentro do prazo, que expirou no dia 31 de janeiro.

O delegado Federal da Agricultura, Paulo Bilégo, acredita que com a autorização para o plantio da soja geneticamente modificada, os produtores vão sair da clandestinidade e produzir soja para consumo, podendo multiplicar sementes para plantio próprio. Segundo Luiz Henrique, existem mais de 200 variedades de sementes transgênicas, porém não se sabe qual é a ideal para o produtor obter um índice de produtividade que compense o investimento com a transgenia.

- Só poderemos fazer uma avaliação mais precisa e dizer se a soja transgênica é mais lucrativa daqui a duas ou três safras, resume o produtor Valdir Corrêa da Silva, com 1,3 mil ha de soja (convencional) plantadas na safra 2004/05. Ele está atento à evolução do plantio de transgênicos em Mato Grosso e disse que em breve poderá optar pela soja geneticamente modificada.

Na safra passada, 11 produtores fizeram experiência com a soja transgênica em Mato Grosso. Santo Antônio do Leste foi município que cultivou a maior área do Estado, 650 ha, seguido de General Carneiro (400 hectares), Água Boa (186 hectares) e Primavera do Leste (165 hectares) e Alto Garças (145 hectares).

RESTRIÇÕES - O produtor que não encaminhou a documentação ao órgão (DFA) dentro do prazo este ano, ficará impedido de obter empréstimos e financiamentos de instituições integrantes do Sistema Nacional de Crédito Rural, perdendo também o acesso a eventuais benefícios fiscais, creditícios e não poderá participar de programas ou repactuação ou parcelamento de dívidas relativas a tributos e contribuições instituídos pelo governo Federal.

O produtor estará sujeito também a uma multa de, no mínimo, R$ 16 mil, podendo ser ainda acrescida de 10% por tonelada ou fração de soja produzida. (Diário de Cuaibá 14/2)