Alcoa tenta salvar baía no Texas onde despejou mercúrio durante anos
2005-02-15
Com uma paisagem repleta de moradias de trabalhadores e raramente visitada por estrangeiros, a localidade de Point Comfort ainda é alvo da poluição industrial, um dos focos de maior agressão à qualidade de vida na Costa do Golfo norte-americano, Estado do Texas. Durante anos, uma refinaria de metal despejou mercúrio na Baía Lavaca, forçando o banimento da pesca comercial em suas imediações.
Neste inverno, agentes reguladores e a empresa que opera a planta, a Alcoa Inc., estão juntas em um plano para salvar a baía, já afetada por dragagens de 200 mil jardas cúbicas de solo contaminado. Contudo, há poucas evidências de que o plano ponha fim ao debate entre agentes reguladores ambientais, executivos da empresa e pescadores.
Os pescadores, particularmente, têm levado nas costas a tarefa de preservar as águas do ataque dos vizinhos industriais. A Alcoa, sozinha, emprega mais de mil pessoas, a maior parte moradores de Point Comfort.
Oficiais do Estado prometem que um recente acordo com a Alcoa irá tornar a Baía de Lavaca mais saudável dentro de 15 anos. Mas grupos de ambientalistas estão céticos quanto a esta mudança. Eles, especialmente os advogados, dizem que já é tradição, no Texas, fechar os olhos para os problemas ambientais das indústrias.
A Alcoa tem uma planta no local desde 1948, onde produz utensílios de alumínio. No início, ela fundia alumínio, mas, atualmente, refina bauxita e envia o resultado dessa produção, por navio, para ser forjado em outras unidades. Desde o final dos anos 60 até os 70, a unidade gerou resíduos contendo mercúrio, metal pesado que provoca câncer e outros problemas de estômago e rins, além de causar prejuízos de saúde a fetos.
A Alcoa chegava a liberar 67 gramas de mercúrio por dia na água. Nos anos 70, autoridades do Texas passaram a interditar a pesca em partes da baía. Desde então, têm sido feitas restrições, e a área foi designada para limpeza pelo Superfund.
Em 1992, o Departamento de Parques e Vida Selvagem do Texas estabeleceu a limpeza da baía e, através de um acordo, a Alcoa foi obrigada a desembolsar US$ 40 milhões em um estudo para a descontaminação da área. No entanto, apesar de uma parte da limpeza ter sido feita, está havendo reclamações de moradores locais com o fato de terem sido produzidas pilhas de resíduos tóxicos que não estão sendo tratados. (Los Angeles Times, 14/2)