Estudo do Bird destaca contribuição da agricultura para o desenvolvimento
2005-02-15
O Banco Mundial (Bird) convocou nesta segunda-feira os países latino-americanos a investirem mais em comunidades rurais, após constatar que a contribuição econômica do campo ao desenvolvimento nacional representa o dobro do que sugerem as cifras oficiais. — A contribuição do campo ao desenvolvimento da América Latina e do Caribe é maior do que se acredita — afirmou o economista-chefe do Bird para a região, Guillermo Perry, ao apresentar à imprensa o relatório: Além da Cidade: a Contribuição do Campo para o Desenvolvimento.
— A maioria dos países da região não conseguiu oferecer uma combinação adequada de políticas públicas no campo, como seria desejável tanto para a redução da pobreza quanto para o crescimento — lamentou Perry, um dos autores do documento.
Apresentado como principal pesquisa do Bird sobre a América Latina e o Caribe para este ano, o relatório avalia os efeitos do setor rural sobre o crescimento nacional, a redução da pobreza e a degradação do meio ambiente, tanto nas áreas rurais quanto no restante da economia.
Segundo o estudo, a agricultura tem maior influência do que os 12% do PIB regional lhe são atribuídos oficialmente. — Seu efeito sobre o crescimento nacional e a redução da pobreza é quase o dobro, devido a suas ligações crescentes com outras atividades econômicas e a sua contribuição significativa para as exportações — explicam os autores. — Para cada 1% de crescimento do setor agrícola, há um aumento de 0,22% no PIB nacional e 0,28% na renda das famílias mais pobres, o que representa mais do dobro do esperado — destacam.
O Bird surpreendeu-se ao descobrir que a população rural da região é de 42%, quando medida segundo os critérios da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), ou seja, quase o dobro da cifra oficial, de 24%. — Isto significa que problemas do campo, como a pobreza, são subestimados em grande parte, e precisam de muito mais atenção e políticas públicas adequadas — destacam os autores.
— As comunidades rurais enfrentam os maiores índices de pobreza, falta de acesso a serviços públicos, e uma infra-estrutura inadequada, que impede que atinjam seu potencial máximo — alerta Daniel Lederman, economista do Bird para a região. O estudo aponta ainda que o dinheiro público tende a beneficiar mais as atividades urbanas do que as rurais, e o investimento federal no setor agropecuário é menor do que sua contribuição ao desenvolvimento geral. (AFP, 14/02)