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2005-02-14
Por Mariano Senna da Costa (Berlin)
Interessante a iniciativa da Eternit de abrir suas fábricas para o público. O projeto de marketing batizado Programa Portas Abertas quer mostrar como funciona uma planta industrial segura. Os exemplos serão as cinco unidades de producão do Grupo (Anápolis (GO), Colombo (PR), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ) e Simões Filho (BA)), e a mineradora de amianto Sama, localizada em Minaçu, norte do Estado de Goiás. Nessa programação, os participantes podem conhecer como funcionam a extração e o beneficiamento do amianto crisotila, na mineração e na fabricação dos produtos de fibrocimento.- Queremos demonstrar que a segurança dos nossos processos é assunto prioritário em toda a companhia, garantida por normas rígidas e iniciativas da empresa e de seus trabalhadores, afirma o presidente do Grupo Eternit, Élio A. Martins.

Uma dúvida persiste
- O fato de visitar a fábrica e verificar como tudo lá dentro funciona just-in-time comprova que a atividade dessa empresa não representa riscos para os trabalhadores e a população? É no mínimo estranho ver o Brasil, que deveria ser o país de ecologia e do desenvolvimento sustentável, se transformar no território de uma atividade que foi banida este ano na Europa. Claro que nem tudo são flores mesmo no velho mundo. A palavra passivo continua causando calafrios nas autoridades européias. No final do ano passado o governo inglês através da academia real de ciências, divulgou uma informação preliminar estimando em 20 bilhões de Libras o passivo do amianto no país.

Argumento frágil
- As empresas do nosso Grupo foram as primeiras do mercado a implantar medidas de controle efetivo, como o trabalho a úmido, a instalação de filtros e o uso de máscaras respiratórias pelos trabalhadores. Como conseqüência, não constatamos nenhum caso de doenças relacionadas ao amianto entre os trabalhadores admitidos a partir de 1980, esclarece Élio Martins. - Também não há registro, na literatura médica e científica, nem mesmo na Organização Mundial da Saúde (OMS), de que a população brasileira tenha contraído qualquer doença em função do uso de telhas e caixas dágua de fibrocimento com amianto, conclui.
É interessante ver como a informação pode ser usada para distorcer a realidade. O período de latência das doenças do amianto variam de 20 a 40 anos, de acordo com cada paciente. Assim, os trabalhadores contratados pela empresa desde 1980 têm até 2020 para ficarem doentes, quando muitos já estarão aposentados ou mortos.

Experiência internacional
Acho importante confrontar a posição com o conhecimento de pessoas que lidam com a questão há mais tempo. A fiscal do Ministério do Trabalho, Fernanda Giannasi é uma especialista reconhecida mundialmente pelo seu trabalho de esclarecimento dos perigos do amianto. Segundo ela é importante considerar alguns fatores:
- Os riscos existem toda a vez que as fibras de amianto se soltam e entram no plano respiratório, principalmente estruturas antigas onde o material está deteriorado e trincado;
- Os casos de mesotelioma de pleura entre populações em 98% das ocorrências são atribuídos à exposicão ao amianto; - Já foi estabelecido um nexo causal claro, uma moradora vizinha de uma fábrica de cimento amianto e outros 7 moradores do entorno da mesma fábrica;
. - Estudos da Fac. de Geociências da USP mostraram em testes de aceleração de envelhecimento de telhas de cimento-amianto e demonstraram uma grande liberação de fibras de amianto para o ambiente;
- O que dizer então daquelas varrições feitas em telhados para tirar o bolor, as teias de aranha o que não se desprende de fibras? Com 5 anos as telhas já apresentam fissuras e trincas por onde as fibras são liberadas. Em cidades com grandes variações de temperatura e sujeitas a ventos, aí o envelhecimento é mais rápido. Pode-se imaginar então a lavagem de caixas dágua com escova de aço?

Ferramenta de esclarecimento
A questão é altamente controversa pelo impacto econômico envolvido. Há séculos o amianto é tido como um mineral mágico. Suas características físicas (resistente e isolante) alavancaram a exploracão criando um enorme sistema industrial e comercial que se beneficia do produto. De freios de carros à absorventes femininos, inúmeros bens de consumo utilizam amianto em sua constituicão ou no seu processo de producão.
A história recente mostra o poder que os interesses do amianto podem ter. Estudos médicos norte-americanos comprovam que até mesmo a Organização Mundial da Saúde mascarou resultados de pesquisas sobre os males causados pelo asbesto. Em 1998 a organizacão teve que recolher um relatório que estava totalmente viciado, praticamente vendido por médicos da área de saúde ocupacional, para favorecer os fabricantes da fibra.
Claro que a abertura de portas da Eternit é fundamental no processo de esclarecimento da populacão. Mas ele deve vir acompanhado de um acompanhamento por profissionais da área médica, instituicões de pesquisa e sociedade civil para garantir que o projeto não sirva apenas como ferramenta de marketing.

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