Cientistas sugerem que refinarias enterrem dióxido de carbono
emissões de co2
2005-02-09
Há uma década, a idéia de estocar gás carbônico para contrabalançar o perigo
do aquecimento do planeta parecia descabida, mas os cientistas já começam a
pensar em aplicá-la. Voltou-se a falar nesta alternativa na conferência
sobre o clima que terminou na última quinta-feira (3/2) em Exeter (Grã- Bretanha), da qual participaram uma centena de pesquisadores de 30 países que acham que é preciso atuar urgentemente para reduzir o efeito estufa.
Os alvos seriam as refinarias de petróleo, gás e carvão para gerar energia.
O dióxido de carbono (CO2) pode ser retido na tubulação das fábricas, quando
se queima o combustível, e depois bombeado até bacias sedimentares
subterrâneas e armazenado. Não será a solução miraculosa contra o
aquecimento da terra, mas uma maneira barata de eliminar emissões de carbono nas próximas décadas, em especial na China e Índia, que têm um enorme número de centrais de carvão em construção.
Mesmo assim, poderia desempenhar um papel global reduzindo rapidamente
grandes quantidades de emissões de CO2, disse Jon Gibbins, do Imperial
College London, em um informe apresentado na conferência, convocada pelo
primeiro-ministro britânico, Tony Blair, para quem o assunto é uma
prioridade durante sua presidência do G-8, o grupo de países mais
industrializados.
Para Gibbins, a proposta é possível e coloca como exemplo um projeto piloto
na jazida offshore da Noruega, Sleipner, no Mar do Norte. Desde 1996,
armazenou-se um milhão de toneladas de resíduos de CO2 por ano, bombeando-os para debaixo de uma camada de xisto e barro petrificado. Há outro projeto na América do Norte, onde se extrai o CO2 do gás do carvão em Wyoming (EUA) e o bombeia 300 quilômetros até Weyburn, para a província canadense de Saskatchewan, local em que é armazenada em uma câmara subterrânea em uma jazida de petróleo.
Os defensores do meio ambiente dizem que a resposta ao aquecimento da Terra é reduzir as emissões de gases de efeito estufa, buscando fontes
alternativas renováveis. Também advertem que o carbono armazenado é um
legado perigoso para as futuras gerações. Se houver um vazamento nos
estoques geológico ou se racharem devido a um terremoto, a emissão de CO2
danificará imediatamente o sistema climático. Eles tentam ampliar projetos
de reflorestamento, por exemplo. Entretanto, muitos vêem a proposta do
bombeamento como uma solução intermediária viável. (Gazeta do Povo/PR, 4/2)