Hormônio bovino da Monsanto ainda ameaça saúde pública
2005-02-09
A Associação de Consumidores Orgânicos e a Coalizão para a Prevenção de Câncer liberaram, no final da semana passada, uma avaliação crítica de vários especialistas a respeito de uma recente campanha publicitária da Monsanto. O documento é assinado pelo médico Samuel S. Epstein, professor
emérito de Meio Ambiente e Medicina Ocupacional da Escola de Saúde Pública da Universidade de Illinois, em Chicago. Também o assina Ronnie Cummins, diretor nacional da Associação dos Consumidores Orgânicos.
No mês passado, o instituto de agribusiness Centro para Assuntos Globais de Alimentos, de Hudson, lançou uma campanha agressiva chamada Leite é Leite, a fim de assegurar aos consumidores que não há diferença entre
leite natural e aquele retirado de vacas que receberam o hormônio recombinante chamado hormônio de crescimento bovino (rBGH), da Monsanto, para aumentar a produção e a lucratividade da atividade leiteira. Esta campanha também teve por objetivo prevenir os produtores e varejistas de leite de fazerem reclamações a respeito de produtos livres de hormônio.
Respondendo às queixas do instituto, a Food and Drug Administration (FDA), anunciou que adotará ações contra tal tipo de marketing. Contudo, contrariamente à entidade de Hudson, há informações sanitárias a respeito dos efeitos veterinários tóxicos do rBGH, das principais diferenças entre rBGH e leite natural e de riscos de câncer representados pelo leite contendo o hormônio.
Vazamento de informacões
Vacas hiper-estimuladas por repetidas injeções de rBGH ficam seriamente estressadas. Tal evidência, detalhada em arquivos confidenciais da Monsanto submetidos à FDA em 1987, vazaram de forma anônima ao Dr. Epstein, em novembro de 1989. Tais arquivos relevaram a difusão de lesões patológicas, infertilidade e mastite crônica, tratadas com
antibióticos ilegais. Com base nesta informação, em 1990 o Comitê de Operações Governamentais acusou a Monsanto e a FDA de deliberadamente suprimirem e manipularem testes de saúde animal na aprovação do uso comercial do rBGH. Esta acusação é também corroborada pelo relatório de 1986 do comitê, chamado Segurança dos Alimentos Humanos e Regulamentação de Drogas Animais. Ele conclui que a FDA, consistentemente, não observou sua responsabilidade, prejudicando a saúde e a segurança dos consumidores de carne, leite e frango.
Em 1994, quando a FDA aprovou o uso do rBGH da Monsanto sob o nome comercial de Posilac, o selo inserido no produto, visível apenas por criadores de vacas, admitia que o uso do produto é associado com a crescente freqüência da utilização de medicamentos para vacas com mastite e apresenta outros 20 efeitos tóxicos.
Ao contrário do que afirma o centro de agrobusiness, o leite com rBGH difere qualitativa e quantitativamente do leite natural. Os níveis de gordura, particularmente os ácidos gordurosos de cadeias longas, associados aos distúrbios do coração, aumentam, assim como os níveis de enizma hormonal da tireóide.
Além disto, a alta incidência de mastite crônica em vacas injetadas com rBGH resulta na contaminação de seu leite com pus e com antibióticos usados no tratamento de infecções, com riscos de reações alérgicas e resistência a antibióticos pelo país afora. Menos reconhecida é a
contaminação do leite com hormônios e a evidência imunológica da absorção desses hormônios pelo intesttino.
Ainda mais sério que isto, o leite rBGH está contaminado com elevados níveis de insulina natural com fator de crescimento 1 (IGF-1), que regula o crescimento das células, a divisão e a multiplicação da vida,
particularmente em crianças muito novas.
Um estudo de 1998, baseado em 300 enfermeiras saudáveis, mostrou que elevados níveis de IGF-1 no sangue estão fortemente associados ao risco de desenvolvimento de câncer de seio antes da menopausa. (GM Watch)