Refugiados do clima serão 150 milhões em 2050, diz especialista
2005-02-04
O aquecimento da Terra pode provocar o deslocamento de 150 milhões de pessoas em meados deste século. A conclusão é de um estudo apresentado ontem durante uma conferência científica em Exeter (Reino Unido), destinada a debater a estabilização das mudanças climáticas.
Um outro trabalho científico apresentado no encontro reúne pela primeira vez as informações disponíveis sobre o impacto que variados graus de aquecimento terão sobre os ecossistemas da Terra. Seu autor afirma que, para uma elevação de 3C na temperatura global em relação aos níveis pré-industriais, o gelo do Ártico e a Amazônia têm risco de perder 50% da sua área ou das suas populações animais e vegetais.
Os refugiados do clima fogem da seca, que deve tornar estéreis diversas zonas de cultivo, e das inundações. Calcula-se que só a Índia terá 30 milhões de refugiados devido a enchentes, e que um sexto do território de Bangladesh pode sumir sob as águas ou ter seu solo arrasado.
Segundo o pesquisador nigeriano Anthony Nyong, as temperaturas podem subir 2C, e as chuvas podem sofrer uma redução de 10% por volta de 2050 se a tendência atual de aquecimento continuar. Isso significaria secas mais graves que, de acordo com Nyong, poderiam levar à fome até 100 milhões de africanos. (FSP, 3/2)