Rede Brasileira de Justiça Ambiental e Oilwatch lutam para barrar instalação da Petrobras no Equador
2005-02-03
Por Débora Cruz (Porto Alegre)
A Petrobras já obteve a licença ambiental para construir, nos próximos meses, uma estrada e uma unidade de processamento de petróleo no meio do Parque Nacional Yasuni, na região da amazônia equatoriana. O local, além de ser uma das áreas de proteção ambiental com maior diversidade do planeta, abriga os Huaorani, uma tribo indígena ainda não contatada.
As empresas Repsol e Encana já operam no Parque, causando enormes impactos sócio-ambientais. Uma rede de resistência à atividade petroleira nos países tropicais, a Oilwatch, alerta para o risco de degradação do que ainda resta de floresta preservada na região caso a Petrobrás leve adiante seu projeto:
- A proposta da Petrobras é construir uma estrada, por onde passarão não somente os carros das petroleiras, mas também a colonização, as empresas madeireiras e as que buscam matérias-primas para a fabricação de produtos farmacêuticos. Será uma verdadeira via para a destruição dentro do Parque Nacional do Equador. Além disso, ela também quer construir um oleoduto, explica a equatoriana Esperanza Martinez, membro da Oilwatch que esteve no Brasil para falar do assunto durante o V Fórum Social Mundial. Ela participou do painel A justiça ambiental como instrumento de enfrentamento do modelo dominante de desenvolvimento na tarde do dia 28 de janeiro, no espaço E do Território Social Mundial.
As organizações contrárias à instalação da Petrobras no Equador contam com a ajuda da Rede Brasileira de Justiça Ambiental, que reúne ONGs, movimentos sociais, sindicatos e pesquisadores unidos para combater injustiças relacionadas ao meio ambiente. Em conjunto, eles têm realizado atividades de pressão no Brasil e no Equador em oposição à licença que a petroleira obteve para operar no local. Em março, devem se reunir com representantes da empresa para expor suas reivindicações.
- Nós sabemos dos impactos que a atividade petroleira trás para o meio ambiente e para os povos indígenas. O Parque Nacional Yasuni é a maior área de floresta amazônica do nosso país e também um símbolo que faz parte da identidade do povo equatoriano. Por isso, estamos lutando para que a licença seja revista ou a Petrobras desista do projeto, justifica Esperanza.