Vinte toneladas de peixe são recolhidas da Lagoa de Marapendi (RJ)
2005-02-01
Quase 20 toneladas de peixe. Este foi o saldo da operação de limpeza montada pela Comlurb na Lagoa de Marapendi, neste fim de semana. Os fortes ventos que atingiram a Barra da Tijuca no sábado dificultaram o trabalho dos garis, que tiveram que se deslocar até manguezais no entorno da lagoa para recolher os animais, que foram arrastados pela correnteza. Foram necessários 20 homens e três balsas para recolher tamanha quantidade.
Em nota à imprensa, a Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla) culpou o lançamento de esgotos proveniente de favelas e de condomínios da Barra da Tijuca pela mortandade de savelhas, carapicus e tilápias no fim de semana.
O órgão alega que o problema na Lagoa de Marapendi foi diferente do ocorrido na Lagoa Rodrigo de Freitas, onde a mortandade da semana passada foi causada pelo aumento de temperatura e pouca entrada de água do mar. – O lançamento de esgotos, com a entrada de forte frente fria revolvendo o lodo do fundo, levou à baixa de oxigênio, matando as savelhas, que são a espécie mais frágil da ictiofauna do sistema lagunar da Barra da Tijuca, informou a nota.
A Serla aproveitou para apelar para que a prefeitura impeça a ocupação desordenada e invista na remoção de moradias na faixa marginal de proteção de todo o complexo lagunar da região.
Segundo a Superintendência, dentro de aproximadamente dez dias serão divulgados os primeiros resultados das amostras obtidas a partir do mapeamento dos pontos de lançamento de esgoto nas lagoas da região. O levantamento permitirá a identificação de condomínios e empresas responsáveis pelo despejo de material orgânico.
O último mapeamento feito na Lagoa de Marapendi constatou que das 200 galerias, 80 despejam mais do que água da chuva. De acordo com a Fundação estadual de Meio Ambiente (Feema), 3 mil litros de esgoto são lançados nas lagoas da Baixada de Jacarepaguá a cada segundo.
– É lamentável. Mais uma vez o drama se repete. E, enquanto nossas lagoas servirem de latrina, continuarão morrendo peixes. Até tilápias, mais resistentes, morreram dessa vez, lamentou o biólogo Mario Moscatelli. (JB 31/1)