As temperaturas globais podem ter um aumento súbito em apenas duas décadas, para um limiar capaz de perturbar de forma perigosa o clima do planeta, afirma um relatório da organização ambientalista WWF. O estudo diz que o Ártico é a parte do planeta que está esquentando mais depressa, o que ameaça a vida dos esquimós devido ao derretimento da calota polar, e pode levar à extinção espécies como os ursos polares. –Se nada for feito, a Terra terá aquecido 2ºC acima dos níveis pré-industriais em algum ponto entre 2026 e 2060, diz o relatório.

Poucos cientistas até agora estimaram uma data tão próxima para o limiar de 2ºC, visto pelo WWF e por vários climatologistas como uma média que pode causar um aquecimento perigoso, elevando o nível dos mares e causando mais tempestades, inundações ou secas e levando algumas espécies à extinção. As temperaturas médias globais subiram cerca de 0,7C desde 1750. A maior parte dos estudiosos do clima põe a culpa pelo aumento anormal no acúmulo na atmosfera de gases como o metano e o dióxido de carbono (CO2), produzidos por atividades humanas, como a queima de petróleo. Esses gases aprisionam o calor irradiado pelo planeta, fenômeno conhecido como efeito estufa.

A União Européia e vários outros países e grupos ambientalistas dizem que os governos deveriam cortar as emissões desses gases a fim de tentar evitar o aumento de 2C. Os EUA, que respondem sozinhos por um quarto das emissões globais de CO2, rejeitam a meta de cortes, prevista pelo Protocolo de Kyoto.

Os cientistas temem que em algum ponto as temperaturas em ascensão possam disparar um aquecimento descontrolado. O derretimento dos solos congelados da Sibéria poderia, por exemplo, liberar o metano trancafiado nesses solos para a atmosfera. (FSP, 31/1)