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2005-02-01
Por Silvia Franz Marcuzzo (EcoAgência de Notícias)
O movimento contra o carvão mineral como fonte de geração de energia está forte. A avaliação é de Káthia Vasconcelos Monteiro, uma das líderes da mobilização, integrante do Núcleo Amigos da Terra/Brasil. A entidade promoveu durante o FSM duas oficinas sobre o assunto. A primeira tratou de - As verdades não ditas sobre o carvão e a outra da - Termelétrica de Cachoeira do Sul - Quem perde com a sua instalação? As palestras serviram para evidenciar que apenas com a união dos interessados haverá forças para lutar contra esses empreendimentos.
Os encontros contaram com a participação de um dos diretores da Copelmi, Carlos de Faria, que afirma estar preocupado com a questão. A empresa é uma das principais exploradoras do mineral no Rio Grande do Sul, na região Carborífera, no Baixo Jacuí.
– Estamos desenvolvendo o que é possível –diz Faria. Como exemplo ele cita o plantio de acácia no solo minerado, que serve de indutor para o retorno de uma terra agriculturável depois de oito anos. Faria disse que as normas ambientais são rígidas no Estado, mas que grande parte das termelétricas gaúchas são obsoletas, feitas sem preocupação do com o ambiente. Por isso, muitos equipamentos estão sendo trocados, principalmente para minimizar a emissão de material particulado e dióxido de enxofre (SO2).
Esta é uma das preocupações dos cachoeirenses. – Queremos uma termelétrica que respeite o meio ambiente, não essas que estão sendo implantadas na China e no Iraque – aponta Alberto Bescow, da União do Piquiri, um dos distritos do município. Ele acha que a situação está servindo para despertar a consciência ecológica da comunidade.

22 ton. de poeira/dia
Já a representante da Amigos da Terra esclarece que, no caso da queima do carvão mineral, a poluição existe sempre, independente do processo. – A queima limpa é diferente da emissão zero – adverte. No caso de Cachoeira, Káthia acrescenta que no Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) a empresa CTSul informa que lançará 256 gramas/segundo de Material Particulado, o que corresponde a 22 toneladas/dia. Se a usina utilizar 50% da sua capacidade serão lançados na atmosfera 10 ton/dia de poeira.
O professor Paulo Figueiró, atualmente aposentado da Universidade Federal de Santa Maria, fez uma palestra destacando os passivos ambientais que o carvão já provocou na região Sul. Cita o sul de Santa Catarina, onde há muitos anos o carvão é explorado, como uma região de grandes problemas ambientais. E afirma que em Cachoeira a instalação provocará vários danos pois não será utilizada a melhor tecnologia, não foram feitas prospecções adequadas para detectar a extensão de presença do mineral, não há viabilidade econômica e o processo de construção da usina não está sendo transparente.
Outra dificuldade enfrentada pelo grupo é que há uma grande campanha na cidade pela instalação do empreendimento. Os veículos de comunicação estão do lado de quem anuncia mais. Além disso, Figueiró salientou que o povo está sendo iludido, pois há promessas de emprego e aumento de recolhimento de impostos para o município.
No encerramento das atividades, Káthia salientou que a entidade luta pela descarborização gradativa do planeta, utilizando fontes renováveis como a energia, solar, eólica e as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs).
Mais informações:
• Baixe o livro Carvão - o Combustível de Ontem em formato PDF do sítio do Núcleo dos Amigos da Terra Brasil - www.natbrasil.org.br

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