Boff defende desenvolvimento sustentável com justiça social e econômica
2005-01-31
A preocupação com o desenvolvimento sustentável cresceu nos últimos anos, mas o conceito já está superado, alertou o teólogo e ex-frade franciscano Leonardo Boff no 5º Fórum Social Mundial. Segundo ele, não se pode mais continuar a defender apenas o desenvolvimento que não esgota os recursos naturais. É preciso buscar, primeiro, a sustentabilidade do ser humano, e isso inclui justiça social e econômica e o resgate de valores éticos e espirituais.
— Mais da metade da humanidade está excluída. A injustiça social é a injustiça ecológica contra o ser humano, disse Boff para uma platéia de mais de 800 pessoas durante a divulgação, no fórum, da Carta da Terra, um documento com princípios éticos elaborado por ambientalistas e movimentos sociais para guiar a sociedade e os governantes.
Boff criticou o modelo de desenvolvimento econômico mundial e o agronegócio brasileiro. O Brasil, segundo ele, é o grande país das monoculturas - café, soja, cana, cítricos. — Isso está destruindo a qualidade do solo e impedindo a manutenção da diversidade, comentou. Para ele, a sociedade precisa se despedir do modelo de desenvolvimento que não é socializado e adotar um novo conceito de sustentabilidade, que não tenha origem na área econômica, mas venha da área biológica, que percebe a interdependência de todos os seres.
A idéia de elaboração de uma Carta da Terra surgiu na Conferência da ONU sobre meio-ambiente realizada no Rio de Janeiro em 1992, mas, na época, não havia consenso entre os ambientalistas em relação à incorporação ao conceito de ecologia de idéias como justiça social e econômica e espiritualidade. A Carta da Terra está sendo distribuída em escolas e espaços comunitários, e os movimentos sociais estão se mobilizando para que ela seja adotada pela ONU. (Agência Brasil, 28/1)