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2005-01-31
Dentro de uma das estruturas construídas de acordo com os princípios da bioarquitetura (com material biodegradável), a canadense Maude Barlow participava das discussões sobre água no primeiro dia de atividades do 5º Fórum Social Mundial.
Maude Barlow é diretora nacional do Conselho dos Canadenses e do Fórum Internacional sobre Globalização, além de ser co-fundadora do Blue Planet Project, um movimento global de cidadãos para proteger a água. Ela conversou com a Radiobras entre duas palestras que ocorriam no espaço temático sobre meio ambiente.

Agência Brasil - Como o Brasil está inserido na luta pela água como direito humano?
Maude Barlow - O Brasil é um dos países mais ricos do mundo em termos de água. A realidade é que vocês têm a maior quantidade de água per capita do planeta, e por isso mesmo todos deviam ter acesso a ela – mas não têm. As pessoas deviam se perguntar porquê. São três razões: a primeira é poluição; a segunda, a desigualdade que se aprofunda - os ricos têm todo acesso a toda água que quiserem, enquanto os pobres não. O terceiro motivo é a privatização. Se as pessoas não forçarem o governo a lidar com isso, não vejo nada além da concentração da água nas mãos de poucos no Brasil.

Agência Brasil - Como anda a privatização da água no mundo?
Maude Barlow - Três grandes companhias controlam de 10 a 15% da água comercializada no planeta – dependendo do estudo que você usa. O alvo deles são os países em desenvolvimento, especialmente os países em desenvolvimento mais ricos. O Brasil, como se sabe, é chamado de Belíndia – metade Índia, metade Bélgica. Eles sabem que existe um mercado consumidor, e sabem que os governos podem até dar subsídios para a instalação de empresas de exploração. Já estão na África, na Ásia e estão entrando na China. Na América Latina, é muito importante que as pessoas digam não à privatização da água.

Agência Brasil - O que está sendo feito no Fórum Social Mundial sobre esse tema?
Maude Barlow - Estamos construindo uma rede, mas ela ainda é bem jovem – talvez sejam apenas os primeiros passos de bebê. Tivemos sucessos enormes no Uruguai e na Bolívia, e na Argentina acho que vão expulsar a Suez – uma das maiores empresas do setor privado. Estamos ansiosos pelos próximos passos.

Agência Brasil - Quais serão?
Maude Barlow - O próximo passo, imediato, é ter um alvo: a Suez. Vamos fazer uma grande campanha contra essa empresa. Também vamos lutar por uma convenção das Nações Unidas que reconheça a água como direito humano. E, por fim, também vamos ter muitas atividades durante o quarto Fórum Mundial da Água, em março de 2006, no México, quando teremos uma grande oportunidade para nos levantarmos contra as companhias de água. E, claro, precisamos fortalecer os movimentos populares.(Agência Brasil, 28/1)

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