Campanha contra Angra 3 unirá forças da sociedade civil anuncia Greenpeace
2005-01-31
O movimento contrário a instalação da usina nuclear Angra 3 será reforçado pela entrada de movimentos sociais e entidades de classe. É o que anuncia o diretor da campanha contra as energias nucleares do Greenpeace, Marcelo Furtado. O ativista declarou que, a partir de agora, o governo Lula terá de enfrentar, não somente os ambientalistas, mas também, diversos setores da sociedade.
Pelo que contou a reportagem do Ambiente JÁ, sábado (29/01), durante manifestação Lulinhas Nucleares, no Fórum Social Mundial, será uma união de forças digna do maior respeito. Estarão juntos no mesmo campo de batalha o pessoal do MST, a Igreja Católica e até a Ordem dos Advogados do Brasil. - Iniciamos conversas com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, revela. Segundo Furtado, o ex-presidente da Fiesp, Horácio Lafer Piva, teria dado apoio total à campanha. - A nova direção da Fiesp deve seguir na mesma linha, acredita.
Argumento econômico
Mas o que faria essas e outras forças que ainda serão procuradas pelos ambientalitas, a aderirem ao projeto? O Greenpeace alega que a motivação será o enorme montante de dinheiro que seria empregado em Angra e que poderia ser revertido para causas sociais e para o desenvolvimento indutrial do país. - Vamos usar este argumento, diz Furtado.
Pela manhã, o Greenepace usou um balão para protestar contra a energia nuclear. Simpatizantes e curiosos assinaram um abaixo-assinado numa faixa que foi suspensa pelo balão durante a tarde. Depois do Fórum, o abaixo-assinado será entregue ao presidente Lula. Dezenas de ativistas estavam fantasiados de Lulinhas Nucleares, circulando pelos diferentes recintos do evento, apertando a mão de autoridades e provocando que estas se
manifestassem sobre a construção da usina. - Queremos expor a contradição de Lula, que ao mesmo tempo que pede dinheiro para o combate à miséria e à fome, ameaça desperdiçar US$ 1,8 bilhão em uma fonte insegura, suja e ultrapassada.
Lulinha militar
Desde que assumiu a presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, deu a impressão de ter medo de uma reação negativa por parte do Exército. Sempre que pôde, Lula apoiou e demonstrou estar do lado das reivincidações dos militares. O caso mais emblemático foi a demissão de José Viegas, ano passado no episódio Wladimir Werzog. - Aquilo foi uma demonstração da força do Exército no governo Lula, lamenta Marcelo Furtado, do Greenepace. Essa aproximação entre Lula e os militares, seria, na visão da ONG, provas de uma nova força política que surgiu quando o petista assumiu. Ainda na época de Fernando Collor de Mello, era clara a sinalização de que os Governos Civis seriam diferentes dos militares. O collorido mandou fechar em 1992 um mega buraco na Amazônia que servia como base para experiências nucleares. - O projeto nuclear brasileiro ficou em standy by nos governo seguintes e ressurgiu com força total, agora com Lula. Por quê??, questiona. Conforme os idealizadores da campanha Angra 3 não!, os militares sentiram em Lula, a oportunidade de fechar o ciclo, ou seja, de dominar a tecnologia para empregar, desde submarinos nucleares, até na geração de energia,
passando pelo enriquecimento de urânio. - Então se o presidente norte-americano George Bush, disser que o Brasil está se preparando para produzir armamento nuclear, não seria uma mentira. Não se poderia afirmar isso, mas se tiver o domínio da tecnologia e dinheiro para isso, é possível, diz.
Queda de braço
Por diversas vezes, a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, afirmou ser contrária a Angra 3. - É ultrapassada e três vezes mais cara que a geração hídrica. Marina Silva, do Meio Ambiente, nem se fala. Deve sentir arrepios só em ouvir falar em Angra 3. Do outro lado, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Armando Félix, é radicalmente favorável a construção da usina e vê nas ONGS, principalmente as internacionais, como o Greenpeace, porta-vozes do imperialismo norte-americano. Félix é o mesmo que foi contra a abertura dos documentos da ditadura militar (1964-1985): - Não há nada bonito ali, dizia ele.