Salvar, salvar, salvar. É final de tarde, e os gritos ecoam pelas janelas de uma caminhonete do Corpo de Bombeiros estacionada no acostamento da Ruta 9, no balneário de Santa Teresa, no Uruguai. Com os rostos e as mãos chamuscados, roupas já imundas, os soldados gaúchos não demonstram sinais de cansaço. São heróis em meio às centenas de voluntários que apagam focos de incêndio vestindo chinelos de dedo e com galhos verdes nas mãos. Apesar da existência de focos, o fogo estava controlado no final da tarde de ontem (27/1).

- Está mais difícil do que imaginávamos. A garra deste povo nos inspira. Não há como esmorecer, diz o soldado Marcelo França, da Escola de Bombeiros de Porto Alegre. Ele faz parte do Grupo 3, um dos que foram criados para organizar os 86 brasileiros que desembarcaram no litoral norte do Uruguai, na madrugada de quarta-feira, para ajudar no combate às chamas que dizimaram mais de 1,5 mil hectares de mata nativa, áreas de camping e balneários. O fogo destruiu pelo menos uma centena de casas e levou à retirada de cerca de 20 mil pessoas.

Ao deixar o Chuí, na fronteira do Brasil com o Uruguai, já é possível ver a mancha cinza no horizonte. Às margens da Ruta 9, o fogo não cessa. Enquanto alguns trabalham, outros gaúchos descansam alojados no Hotel Parque Oceânico, em La Coronilla. Ao meio-dia de hoje, uma reunião deve definir se os bombeiros brasileiros permanecem no Uruguai. Ontem, o presidente do Uruguai, Jorge Batlle, telefonou para o governador Germano Rigotto para agradecer a ajuda. (ZH, 42)