Nobel de química defende uso de energia solar em simpósio no Rio de Janeiro
2005-01-27
Ganhador do Prêmio Nobel de Química em 1998 (ao lado de John A. Pople) e consultor do governo americano para assuntos energéticos, Walter Kohn fez na terça-feira (25/1) no Rio uma apaixonada defesa do uso da energia solar.
— É importante que os países tenham formas mais limpas de energia, não poluentes, alternativas para o petróleo e o carvão, sustentou Kohn, que está no Brasil participando do XVI Simpósio Nacional de Ensino de Física, que marca o início das comemorações do Ano Mundial da Física no país.
O físico, de 82 anos, trabalhou junto com a equipe que desenvolveu, em 1954, as primeiras células solares de silício — por meio das quais é possível transformar a luz solar em energia. Mais de 50 anos depois, a energia solar ainda é muito cara e responde por apenas 1% da energia utilizada no mundo.
— Falando de uma perspectiva americana, a gasolina e o gás natural ainda são muito baratos, explica o austríaco naturalizado americano. — Mas as reservas de óleo e gás chegarão ao limite dentro de 20 a 30 anos, o que é muito pouco tempo. Além disso, as populações dos países pobres devem dobrar nos próximos 50 anos, passando para 6 bilhões de pessoas. Outras formas de energia serão necessárias. Vale lembrar que o custo da energia solar vem caindo cerca de 5% ao ano.
Kohn afirmou ainda que o uso do hidrogênio como combustível, que vem sendo estudado pelo governo dos EUA, não é muito eficaz.
— Não acho que seja a solução mais sábia porque é preciso usar energia para transformar o hidrogênio em combustível. (O Globo 26/1)