Ativistas se fantasiam de Lulinha Nuclear no FSM
2005-01-27
O Greenpeace inicia hoje (27/1), dentro de sua programação para o Fórum Social Mundial, uma série de atividades contra a retomada do Programa Nuclear brasileiro.
Durante a passagem do Presidente pelo FSM 2005, a organização vai procurar entregar a Lula uma mensagem com a demanda de que o dinheiro previsto para ser gasto com a aventura nuclear brasileira seja investido no combate à pobreza. Cinco ativistas da entidade estarão personificados de Lulinhas Nucleares, circulando pelos diferentes recintos do Fórum Social Mundial, interagindo com os participantes, apertando a mão de autoridades e provocando que estas se manifestem sobre a construção de Angra 3. — Queremos expor a contradição de Lula que, ao mesmo tempo que pede dinheiro para o combate à miséria e à fome, ameaça desperdiçar bilhões de dólares em uma fonte de energia insegura, cara, suja e ultrapassada. Apesar de terem custado ao País cerca de vinte bilhões de dólares, as duas usinas nucleares existentes não geram mais do que dois por cento de toda a eletricidade produzida no Brasil, disse Sérgio Dialetachi, da campanha de energia do Greenpeace.
Durante a passagem de Lula pelo Fórum Social Mundial, cerca de cinco mil pessoas estarão usando camisetas do Greenpeace com os dizeres Lula não dê bola fora. Diga Não a Angra 3. Voluntários pintarão a mensagem Nuclear Não na testa e braços de outros tantos participantes do evento. — O Presidente deverá sair de Porto Alegre com uma mensagem muito clara: O Brasil não quer nuclear. Com uma forte mensagem vinda das ruas poderemos vencer o poderoso lobby nuclear. O Fórum Social Mundial é o lugar ideal para começarmos a levantar essa onda, acrescentou Dialetachi. Pesquisas de opinião mostram que mais de 80% dos brasileiros não querem a construção de Angra 3. Ministros, como Dilma Rousseff (de Minas e Energia) e Marina Silva (do Meio Ambiente), também já se manifestaram publicamente contra essa insensatez.
Os participantes do Fórum de Porto Alegre poderão, ainda, escrever mensagens por um mundo livre do perigo nuclear em uma enorme faixa de tecido, medindo 30 metros de comprimento por 2 metros de largura, que será posteriormente entregue ao Presidente da República. No dia 29, o Greenpeace estará coordenando o debate O Brasil não é nuclear, com a participação de mineiros de urânio de Caetité (BA), das vítimas do Césio 137 de Goiânia (GO), dos moradores de Angra dos Reis (RJ), de especialistas em reatores nucleares, de ambientalistas latino-americanos e parlamentares da Alemanha, país onde já existe um compromisso de eliminação da tecnologia nuclear.